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Arquivada denúncia de alegadas mortes em hemodiálise na Guiné-Bissau

LUSA
08-07-2025 19:01h

O Ministério Público guineense ordenou hoje o arquivamento do processo aberto na sequência de denúncias do presidente da Liga dos Direitos Humanos em como doentes renais estavam a morrer no país por falhas no tratamento de hemodiálise.

A informação consta de uma nota de imprensa enviada à Lusa, na qual o órgão informa que se decidiu pelo arquivamento dos autos por “inexistência de quaisquer outras diligências probatórias com aptidão para a descoberta da verdade”.

De acordo com o presidente da Liga Guineense dos Direitos Humanos, Bubacar Turé, as informações na posse da organização indicavam que “todos os doentes em tratamento por hemodialise” no Hospital Nacional Simão de Mendes, “praticamente, acabaram por falecer”.

Turé fez estas declarações no dia 10 de abril passado, em Dacar, Senegal, onde assistia a uma conferência internacional sobre as mulheres e raparigas, no passado mês de abril.

O ativista questionou sobre se as mortes poderiam ter que ver com a falta de preparação técnica dos profissionais colocados no centro de hemodiálise, o primeiro no país.

As autoridades sanitárias, políticas e judiciais consideraram as afirmações de Bubacar Turé como uma denúncia caluniosa.

A Liga Guineense dos Direitos Humanos denunciou, depois, que homens armados do Ministério do Interior teriam vandalizado a casa de Bubacar Turé em Bissau, numa altura em que aquele se encontrava em missão de serviço no interior do país.

A organização denunciou ainda que as autoridades judiciais emitiram um mandado de busca e apreensão contra Bubacar Turé e que aquele se refugiou, “em lugar seguro” por receio de ser detido.

O ativista esteve escondido durante alguns dias até se apresentar ao Ministério Público, acompanhado de advogados, no dia 23 de abril, tendo sido ouvido nos autos, na qualidade de denunciante.

O órgão judicial afirma que decidiu encerrar os inquéritos sobre o caso por falta de provas, apesar de várias diligências desencadeadas nesse sentido.

“Apesar de o denunciante se (ter) comprometido, em sede de inquirição, a apresentar, num prazo de três dias, os elementos probatórios que sustentam a sua denuncia (provas documentais e testemunhais) não o fez decorridos mais de noventa dias”, refere a nota do Ministério Público.

Segundo a advogada Beatriz Furtado, que integra a equipa de defesa, Bubacar Turé reafirmou tudo o que disse em Dacar nos autos perante magistrados do Ministério Público e que caberia à justiça investigar as denúncias.

O centro de hemodiálise entrou em funcionamento em fevereiro deste ano, graças ao pedido do Presidente guineense, Umaro Sissoco Embaló, ao reino de Marrocos, que financiou o equipamento.

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