A Arábia Saudita doou 23 toneladas de tâmaras a Moçambique para aliviar as dificuldades das populações vítimas de conflito e intempéries em Cabo Delgado, no norte do país, foi hoje anunciado.
“Estas tâmaras irão fortalecer a dieta de 100 mil pessoas, especialmente mulheres e crianças, e representam um gesto significativo de solidariedade do povo do reino da Arábia Saudita para com o povo de Moçambique”, disse a diretora nacional e representante do Programa Mundial para a Alimentação (PMA) em Moçambique, Antonella D’Aprile, citada num comunicado conjunto com a Ajuda Humanitária e Assistência Rei Salman (KSrelief).
O apoio foi possível graças à KSrelief, organização que considera que a doação “irá melhorar diretamente as dietas de famílias que enfrentam insegurança alimentar”, proporcionando “nutrição imediata”.
“O presente de tâmaras é um símbolo silencioso, mas poderoso, de boa vontade que reflete valores partilhados, fortalecendo os laços de amizade entre as nossas nações e ecoando um espírito de cuidado e solidariedade que define o envolvimento do reino da Arábia Saudita com comunidades vulneráveis”, referiu o cônsul interino da Arábia Saudita em Moçambique, Mishaal Bin Shail, citado no comunicado.
As tâmaras, um alimento básico da nutrição saudita há séculos, são ricas em fibras, antioxidantes e minerais essenciais como potássio, magnésio e ferro, refere o texto.
A Arábia Saudita diz ter fornecido 160 toneladas de tâmaras a Moçambique nos últimos três anos.
Moçambique tem avançado na redução da insegurança alimentar, mas a desnutrição crónica, especialmente em crianças menores de 5 anos, ainda permanece elevada, afetando 37% deste grupo populacional, de acordo com os dados do Governo divulgados em 2023.
Para enfrentar o problema, foi elaborado o PESAN 2024-2030 visando integrar esforços multissetoriais para garantir a segurança alimentar e nutricional em todo o país, afirmou Roberto Albino.
O documento lançado em 20 de junho visa “fornecer assistência técnica de qualidade, criar mecanismos para incentivar que os que têm formação técnica e profissional tenham espaço para disseminar o conhecimento aos produtores à sua volta”, acrescentou.
De acordo com a secretária executiva do Secretariado Técnico de Segurança Alimentar e Nutricional (SETSAN), ao longo dos últimos dez anos, a taxa de desnutrição crónica em crianças menores de 5 anos de idade baixou de 43% (2013) para os atuais 37% (2023), níveis considerados ainda muito altos quando comparados com as recomendações da Organização Mundial da Saúde.
Grupos de organizações da sociedade civil no país têm alertado para a urgência no combate à desnutrição infantil em Moçambique, situação agravada por fatores climáticos e de segurança.