A Associação Nacional de Estudantes de Medicina (ANEM) propôs hoje a reintegração do Internato Médico na carreira médica, considerando que pode ser importante para fixar médicos no Serviço Nacional de Saúde (SNS).
“Num momento pautado pela discussão da valorização do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e dos seus recursos humanos, um maior reconhecimento do papel fundamental dos médicos internos e do trabalho por eles prestado poderá ser uma importante medida de criação de condições atrativas para a fixação de médicos no SNS”, indica a ANEM em comunicado, classificando de “oportuna e essencial” a discussão da questão.
Os pelo menos cinco anos dedicados ao internato “não são contabilizados para efeitos de progressão na carreira, o que é, frequentemente, um desincentivo à permanência no SNS”, adianta a associação.
Assinala que os médicos internos “assumem uma carga de trabalho muito significativa, contribuindo ativamente para os cuidados de saúde prestados diariamente e desempenhando tarefas cruciais para o funcionamento e eficiência do sistema”, apesar de o internato ser, na sua essência, uma fase de aprendizagem.
“Esta discussão é um passo fundamental para o reconhecimento e a valorização de uma classe profissional que diariamente se dedica a garantir a saúde dos cidadãos, e espera-se que este assunto seja alvo de uma reflexão com a seriedade e urgência que exige”, defende Paulo Simões Peres, presidente da ANEM.
Reconhecer o Internato como parte integrante da carreira médica é “um investimento direto no futuro da Medicina em Portugal e na sustentabilidade do próprio SNS”, refere a associação, sublinhando que “sem médicos jovens e motivados, com perspetivas de carreira claras e justas, será muito difícil assegurar a qualidade e a acessibilidade dos cuidados de saúde”.
O comunicado é divulgado no mesmo dia da apresentação do Índice de Saúde Sustentável, desenvolvido pela NOVA Information Management School (NOVA-IMS), que indica que a sustentabilidade do SNS voltou a cair em 2024, pelo terceiro ano consecutivo, e teve a terceira maior descida da década, apenas superada por 2020, ano da pandemia.
Em declarações à Lusa, o coordenador do estudo, Pedro Simões Coelho, lembrou que este valor representa uma tendência do que já vinha a acontecer e é justificado por “uma queda na produtividade, entendida esta produtividade como a relação entre a atividade e a despesa".
Segundo o mesmo estudo, o investimento no Serviço Nacional de Saúde no ano passado permitiu um retorno económico de 9,5 mil milhões de euros, superior em 2,9 mil milhões ao valor de 2023.