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Diretora-geral da Saúde destaca impacto da vacinação contra VSR na redução de internamentos de bebés

LUSA
25-06-2025 12:24h

A diretora-geral da Saúde, Rita Sá Machado, destacou hoje o “impacto significativo” da vacinação contra o Vírus Sincicial Respiratório (VSR) na redução dos internamentos de bebés, justificando o alargamento da campanha dos oito para os 10 meses.

Segundo o relatório anual 2024 do Programa Nacional de Vacinação (PNV), hoje divulgado, foram imunizadas 86% das crianças nascidas entre agosto de 2024 e março de 2025 em Portugal Continental, no âmbito da primeira campanha de vacinação contra o VSR, uma causa muito comum de infeção em idade pediátrica, responsável por epidemias sazonais que representam uma sobrecarga para os serviços de saúde.

Rita Sá Machado disse à Lusa que a elevada adesão à campanha de vacinação teve “um impacto significativo na redução dos internamentos, especialmente nos bebés até aos seis meses”.

"Conseguimos ver desde logo algum impacto e por isso mesmo é que na próxima campanha vai já estender-se para mais dois meses” de idade, salientou.

A última campanha abrangeu os bebés entre zero e oito meses e a próxima irá ser alargada até aos dez meses de idade, continuando a incluir as crianças com mais de um ano que façam parte de grupos de risco, como bebés prematuros, crianças com doenças cardíacas, pulmonares ou neuromusculares congénitas, crianças com o sistema imunitário enfraquecido e doentes com asma ou com doença pulmonar obstrutiva crónica.

Rita Sá Machado destacou também como “ponto importante” do relatório a adesão à vacinação contra o HPV (papiloma vírus humano), assinalando o aumento de um ponto percentual aos 12 anos no esquema completo da cobertura vacinal nas raparigas.

“É um ponto também muito positivo no sexo masculino mantermos esta tendência crescente da cobertura vacinal e até na ‘coorte’ dos quinze anos conseguimos ultrapassar esta meta dos 90%”, vincou, explicando que a estratégia irá refletir-se na redução da incidência de neoplasias do cancro do colo do útero e outras.

O relatório do PNV destaca que Portugal se mantém como referência internacional na vacinação, com 98% a 99% das crianças vacinadas no primeiro ano de vida.

Para Rita Sá Machado, este dado “é uma das boas notícias” do relatório do Programa Nacional de Vacinação, salientando ainda que até aos seis anos as coberturas se mantêm também elevadas, atingindo em geral a meta de 95% para essa faixa etária.

“Penso que são dados muito positivos e que devemos estar satisfeitos com os resultados, mas mantemos sempre alertas relativamente também ao padrão epidemiológico destas doenças em toda a Europa e em todo o mundo”, sublinhou.

A diretora-geral da Saúde refere no relatório que não podem ser ignorados fenómenos de hesitação vacinal que têm “ganhado visibilidade noutros países, acarretando riscos para a população nacional, particularmente no que se refere às doenças alvo de programas de eliminação”.

“Enquanto o sarampo e a poliomielite não estiverem erradicados, a importação de casos constitui uma ameaça real para a saúde pública, sendo, por isso, prioritária a mitigação das bolsas populacionais suscetíveis que possam existir”, sublinhou, adiantando que a mobilidade populacional, e a mobilidade associada a viagens ou deslocações para residir num outro país, implica ter estratégias diferentes.

“Por isso mesmo é que temos também as consultas do viajante implementadas no Serviço Nacional de Saúde e não só. Temos também estratégias diferentes para as pessoas que vêm residir para Portugal, para se conseguir, de alguma forma, manter estas coberturas vacinais", afirmou.

Rita Sá Machado observou que os programas de vacinação são diferentes em todo o mundo, sendo, por isso, “muito importante conhecer as principais doenças em cada canto do mundo” para poder adequar melhor as vacinas que Portugal pode e deve oferecer à população.

Pela primeira vez, o relatório tem os resultados da vacinação discriminados por município, uma estratégia para “dar ferramentas a quem está a trabalhar todos os dias no PNV”, para entender quais são as populações mais suscetíveis, “onde é que as coisas estão a resultar melhor” e onde é preciso de investir mais e trabalhar de outra forma.

“O que é que conseguimos ver? O Algarve é uma região que habitualmente tem menores coberturas vacinais, e mantém-se”, e olhando para os municípios, também foi encontrada essa diferença, exemplificou.

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