A campanha de vacinação contra a febre-amarela na Guiné-Bissau atingiu apenas 76% da população alvo devido à desconfiança no processo, disse hoje à Lusa a diretora nacional de Serviço de Imunização e Vigilância Epidemiológica, Neusa Barbosa Sami.
A responsável do Ministério da Saúde Pública explicou que muitos guineenses entre o grupo-alvo, pessoas com idades entre nove meses aos 60 anos, demonstraram desconfiança em relação à vacina.
“A desinformação não ajudou o processo. Infelizmente, não atingimos o nosso objetivo que era de vacinar 95% da população alvo”, assinalou Neusa Sami.
Sob o lema: ‘Vacine hoje e proteja-se por toda a vida’, a campanha decorreu de 09 a 18 de maio e visou imunizar 2.052.423 pessoas, mas acabou por atingir “apenas” 1.570.091 pessoas.
A diretora nacional de Serviço de Imunização e Vigilância Epidemiológica indicou que foram imunizadas 807.650 pessoas do sexo feminino e 762.441 do sexo masculino e as regiões do sul do país, Tombali e Quinara foram as zonas com a maior taxa de cobertura, com 93% e 91%, respetivamente.
Neusa Sami indicou que o Setor Autónomo de Bissau, com uma cobertura de 61% de imunizados, figura entre as regiões onde menos pessoas se vacinaram.
A região sanitária de Farim, no norte, alcançou 55% e Bolama, no sul, atingiu 51% de pessoas vacinadas.
“Em Bissau, as pessoas não se vacinaram em número que estávamos à espera”, declarou a responsável, afirmando que a situação poderá estar ligada à desinformação que a própria tentou contrariar vacinando-se publicamente.
“Exigiram que eu me vacinasse para que se comprove a eficácia da vacina, o que fiz, mas mesmo assim as pessoas não compareceram aos postos de vacinação em número desejado”, disse Sami.
A diretora nacional de Serviço de Imunização e Vigilância Epidemiológica destacou que é a primeira vez que a Guiné-Bissau realiza uma campanha contra a febre-amarela que disse ser endémica em países vizinhos.
Neusa Sami sublinhou que ainda que o país não tenha atingido o número desejado de imunizados, a campanha “foi melhor do que nada” perante uma doença para a qual é exigido ao viajante o comprovativo de imunização a nível internacional.
A responsável admitiu que, no futuro, o país poderá adotar a medida de apresentação obrigatória de cartão de vacina contra a febre-amarela nos postos de fronteira de entrada de viajantes.
Neusa Sami lamenta que a Guiné-Bissau, que recebeu cerca de três milhões de doses da vacina contra a febre-amarela, “esteja a menosprezar um fármaco que muitos países africanos querem e não têm”.
As vacinas foram adquiridas pelo Governo guineense em parceria com a GAVI (Aliança Global para Vacinas, em sigla inglesa).