O administrador do Jornal do Centro disse hoje à agência Lusa que o despedimento coletivo foi a “decisão que tinha de ser tomada” para a sobrevivência deste meio de comunicação social com sede em Viseu.
“Não haverá ninguém que goste mais do que eu do jornal e, por isso, é um momento muito triste para mim, mas era a única decisão que tinha de ser tomada para o Jornal do Centro poder continuar”, justificou João Cotta.
À agência Lusa o administrador disse ainda que a equipa ficou reduzida “à diretora e a uma estagiária, os restantes trabalhadores foram abrangidos pela decisão” e são “três jornalistas, um comercial e pessoas ligadas à multimédia e vídeo”.
“O Jornal do Centro sempre foi um projeto livre e independente e vai continuar a ser. Nunca foi um projeto de poder ou com a ambição de ter receitas enormes, sabíamos que não era possível”, admitiu.
Até porque, continuou, “não era sustentável continuar como estava, era impossível, ou seja, as perdas económicas eram importantes, pesadas, na ordem dos 100 mil euros ao ano e, por isso, a decisão foi muito ponderada e teve de ser tomada”.
João Cotta assumiu que para o futuro - “porque o jornal vai continuar, não vai acabar” - estão a ser trabalhadas “parcerias com outras entidades. O objetivo é reestruturar o jornal, reduzindo a atividade ao mínimo, enquanto se procuram parceiros”.
“O objetivo não é recrutar, mas é procurar parceiros complementares”, acrescentou João Cotta que se escusou a dizer que parceiros poderão estar a ser estudados.
O administrador, e dono desde 2014, do Jornal do Centro assumiu ainda que a edição online “tinha muito peso e muita força e vai continuar a ter” com as duas pessoas que ficam na redação, diretora e estagiária.
Assim como “com os novos parceiros, através dos recursos que essas entidades tenham, para permitir assegurar o que é preciso” para manter o online ativo.
João Cotta lembrou ainda que o Jornal do Centro “não tinha qualquer apoio ou financiamento” por ser um órgão de comunicação social regional, condição essa que “também limita a escala” do próprio jornal.
“Sabemos que a comunicação social no geral está mal, a atravessar crises violentíssimas, agora um órgão de comunicação regional está limitado à escala, ao alcance”, indicou.
“Apesar de não ser o fator, porque são todos juntos, o facto de ser uma voz independente torna-se menos atraente para comunicar”, acrescentou.
O Jornal do Centro foi fundado em 2002 e, em 2020, aquando da pandemia de covid-19, deixou de sair a edição em papel à sexta-feira, mantendo o ‘online’. O regresso às bancas foi assinalado em agosto de 2023 e o último número saiu em março passado.