SAÚDE QUE SE VÊ

Médicos do Hospital Central de Maputo chegam a acordo com o Governo

LUSA
04-06-2025 13:29h

Os médicos do Hospital Central de Maputo (HCM), a maior unidade de saúde de Moçambique, anunciaram hoje um acordo com o Governo que permite a suspensão temporária da greve anunciada ao serviço extraordinário.

"Achamos que é razoável da nossa parte e para o bem dos doentes e para o bem dos residentes como academia - e acreditamos que o Governo está preocupado em formar especialistas e cuidar do povo -, e (...) decidimos suspender temporariamente a nossa paralisação”, declarou o porta-voz dos médicos grevistas, Ossifo Cafur, em conferência de imprensa, em Maputo.

Os médicos do HCM ameaçaram em finais de maio paralisar o trabalho extraordinário a partir do dia 01 de junho, exigindo o pagamento das horas extra.

Numa carta dirigida ao diretor-geral do HCM, consultada pela Lusa, os profissionais ameaçavam interromper os serviços a partir das 15:30 de domingo, além dos feriados e fins de semana, até que a dívida, que se estende por 13 meses, seja liquidada.

Em declarações aos jornalistas, os médicos afirmaram que suspenderam a greve após alcançar alguns acordos em sede de negociações com o Governo moçambicano, em que o ministro da Saúde, adiantaram, “comprometeu-se a resolver os problemas diretamente”.

“Suspendemos temporariamente. O não cumprimento do ponto de confiança que nós demos ao ministro e a toda equipa negocial, imediatamente vamos voltar à paralisação”, disse o médico Ossifo Cafur.

Na terça-feira, os profissionais de saúde tinham avançado que dariam um prazo de 30 dias ao Governo para o pagamento de horas extraordinários em atraso.

“Vamos esperar por mais 30 dias. A intenção é ver se o acordo a que chegamos é ou não cumprido. Queremos ver a implementação do que foi acordado”, declarou à Lusa o porta-voz do grupo de médicos do HCM.

Segundo o porta-voz do grupo, o problema de atraso no pagamento de horas extras afeta mais 300 médicos daquela que é a principal unidade de saúde pública no país.

Em 27 de maio, o Governo moçambicano pediu diálogo aos médicos.

"Tem sido repetitivamente dito da nossa parte que a única alternativa que temos é de continuar a conversar. Não existe uma medida mágica para paralisar qualquer que seja a intenção de manifestar-se, seja por um direito, seja por qualquer outra razão, sobretudo num contexto de limitação de recursos, quando sabemos que a solução passa necessariamente por disponibilizar esses recursos”, declarou, na altura, o porta-voz do Conselho de Ministros, Inocêncio Impissa.

O setor da saúde enfrenta, há três anos, greves e paralisações convocadas pela Associação dos Profissionais de Saúde Unidos e Solidários de Moçambique (APSUSM), que abrange cerca de 65.000 profissionais de saúde de diferentes departamentos.

O Sistema Nacional de Saúde moçambicano enfrentou também, nos últimos dois anos, diversos momentos de pressão, provocados por greves de funcionários, convocadas pela Associação Médica de Moçambique (AMM) exigindo as melhorias das condições de trabalho.

O país tem um total de 1.778 unidades de saúde, 107 das quais são postos de saúde, três são hospitais especializados, quatro hospitais centrais, sete são gerais, sete provinciais, 22 rurais e 47 distritais, segundo os dados mais recentes do Ministério da Saúde.

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