A Administração da Unidade Local de Saúde do Arco Ribeirinho assegurou hoje que a iniciativa do Dia da Criança com uma Viatura Médica de Emergência e Reanimação no Hospital do Barreiro respeitou os princípios de segurança e disponibilidade operacional.
Em comunicado, a entidade critica a comunicação pública da Associação Nacional dos Técnicos de Emergência Médica (ANTEM) considerando-a danosa para a confiança da população no sistema de emergência médica.
Defende ainda que “representa um grave desrespeito pelos canais institucionais próprios” e que contribui “para a criação de alarme social injustificado e para o desgaste público de equipas que diariamente se empenham, com profissionalismo e responsabilidade, na missão de salvar vidas”.
No domingo a ANTEM manifestou “profunda preocupação e indignação” com a “condução imprudente” de uma Viatura Médica de Emergência e Reanimação (VMER) no interior do Hospital do Barreiro.
Numa nota, a ANTEM considerou que a “condução imprudente” da VMER do Hospital do Barreiro colocou “em risco a segurança de crianças e compromete o serviço público” e manifestou “profunda preocupação e indignação face a um episódio grave” naquela unidade hospitalar do distrito de Setúbal.
Segundo testemunhos, “em aparente celebração” do Dia da Criança, a “viatura foi observada a circular durante largos minutos a assinalar marcha de emergência” e “de forma totalmente imprudente a alta velocidade no parque de estacionamento e estrada de acesso junto à entrada para a Urgência Pediátrica”, referiu a ANTEM.
“Inicialmente até pensei que era uma situação de emergência e que a VMER tivesse sido ativada” para “uma das entradas do hospital, algo que já aconteceu. Fomos levar a criança que trazíamos connosco à urgência e, quando saí, reparei que os populares estavam muito agitados com a situação”, contou à Lusa o presidente da ANTEM, Paulo Paço.
O dirigente associativo, ao serviço de uma corporação de bombeiros da margem sul, disse que então percebeu que “andavam a fazer uma espécie de uma celebração do Dia da Criança, em que paravam à entrada principal do hospital”, saía a criança que transportavam, “entrava uma outra criancinha para o lugar dessa” e voltavam a”fazer aquele circuito”.
O presidente da ANTEM adiantou que vai participar o caso ao Ministério da Saúde, ao Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) e “registar uma queixa no portal do INEM”.
Numa reação à comunicação da ANTEM, o Conselho de Administração (CA) da Unidade Local de Saúde do Arco Ribeirinho (ULSAR), do qual faz parte o hospital de Nossa Senhora do Rosário, no Barreiro, explica que, durante a manhã de domingo, no âmbito de uma “iniciativa interna e habitual” promovida para os filhos dos seus profissionais, a equipa da VMER foi convidada a participar num “momento simbólico e pedagógico, permitindo às crianças uma breve interação com o veículo e com os profissionais que nele trabalham”.
A ULSAR ressalvou que esta iniciativa não envolveu utentes pediátricos internados e ocorreu em “espaço hospitalar delimitado, em circuito fechado, com acompanhamento direto da equipa, tendo sido sempre respeitados os princípios de segurança, prudência e disponibilidade operacional”.
Quanto à operacionalidade da VMER, a ULSAR garante que esteve assegurada a todo o momento, “com equipa médica completa e equipamentos prontos, sem qualquer impacto na capacidade de resposta a acionamentos de emergência”.
Já no que respeita à interação com as crianças, o CA refere que foi “previamente autorizada, acompanhada e supervisionada pelos respetivos encarregados de educação e consistiu numa curta demonstração, cuidadosamente supervisionada, num espaço protegido do recinto hospitalar, sem circulação em via pública”.
“Não houve qualquer situação de risco clínico ou rodoviário real, nem conduta que colocasse em causa o bem-estar das crianças, da equipa ou de terceiros”, salienta.
Esta atividade, adianta a ULSAR, teve “também uma clara vertente didática e inspiradora para as crianças participantes, permitindo-lhes conhecer, de forma segura e lúdica, a missão dos serviços de emergência, com potencial impacto positivo no seu desenvolvimento humano e sentido cívico”.
“A equipa da VMER da ULSAR pauta a sua atuação diária por uma postura de exigência técnica, ética e humana, com profundo respeito pelos princípios do serviço público e da missão de salvar vidas. Essa mesma postura foi mantida integralmente neste contexto institucional”, sustenta o Conselho de Administração da ULSAR.