A Sociedade Portuguesa de Hipertensão vai organizar uma campanha de rastreios gratuitos no sábado na Feira da Educação e da Saúde, em Belém (Lisboa), alertando para os perigos de uma “doença silenciosa”, foi hoje anunciado.
Com o objetivo de identificar novos casos de hipertensão arterial e sensibilizar para a prevenção, a campanha da Sociedade Portuguesa de Hipertensão (SPH) ocorre no âmbito do Dia Mundial da Hipertensão, entre as 10:00 e as 17:00, no Jardim Vasco da Gama.
Também vão decorrer rastreios no Hospital Beatriz Ângelo, em Loures, na próxima quinta-feira.
De acordo com a SPH, a ausência de sintomas “leva muitos a subestimarem a gravidade da sua condição e a importância do tratamento”.
“A questão da hipertensão está longe de estar resolvida. Temos problemas de prevenção, problemas de diagnóstico e temos problemas de adesão à terapêutica, assim como dificuldades de acesso dos doentes aos médicos”, refere o presidente da SPH, Fernando Gonçalves, em comunicado.
Para a associação, um dos objetivos da Missão 70/26, que visa apoiar projetos inovadores focados na melhoria dos cuidados prestados aos doentes, em parceria com a Servier Portugal, é controlar, até 2026, 70% dos doentes hipertensos com idades entre os 18 e os 64 anos, vigiados nos Cuidados de Saúde Primários.
“Temos notado uma evolução crescente e acreditamos que vamos atingir o nosso objetivo. Começámos com um valor de metade, ou seja, só 52% daquelas pessoas entre os 18-64 anos que eram seguidas nos Cuidados de Saúde Primários tinham os seus valores controlados e podemos dizer que neste momento estamos com uma evolução positiva”, salienta a presidente cessante da SPH Rosa de Pinho, apontando ao biénio de 2023-2025.
A SPH lembra os dados do estudo “Adesão à Terapêutica, barreiras, consequências e soluções - a Visão dos Portugueses”, que confirmam que “cerca de um quarto (24,8%) dos doentes crónicos em Portugal admitem esquecer-se frequentemente da medicação e 16,4% acabam por não a tomar”.
“Há ainda muito a fazer, sobretudo no que diz respeito às barreiras que os doentes hipertensos enfrentam no controlo da sua doença”, sublinha.
Rosa Pinho observa que as barreiras se prendem com o facto de “a hipertensão ser uma doença silenciosa, que não dá sintomas, pelo que a pessoa, se não for procurar alguém para lhe medir a pressão arterial, não vai perceber se esta está elevada”.
A médica indica que, “para algumas pessoas mais jovens, é ainda um pouco confuso terem de tomar medicação quando não sentem nada”.
“Penso que ainda temos muito trabalho para fazer, porque ainda não percebem bem o impacto que a hipertensão pode ter, sobretudo em termos de incapacidade”, refere responsável.
Reconhecendo que as pessoas estão “mais conscientes hoje em dia”, Rosa Pinto considera, todavia, que deve haver mais literacia e defende “uma parceria com o Ministério da Educação, para que se possa começar mais cedo, nas escolas, a falar sobre estes temas”.