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SIM destaca perfil militar, Fnam avisa novo diretor executivo para dificuldades do SNS

LUSA
22-05-2024 14:48h

A nomeação de António Gandra d’Almeida para diretor executivo do SNS gerou reações distintas a nível sindical, tendo o Sindicato Independente dos Médicos (SIM) evidenciado o perfil militar e a Federação Nacional dos Médicos (Fnam) alertado para as dificuldades.

“Com este perfil militar, o SIM espera que seja sinónimo de grande capacidade de organização, planeamento e abnegação na resolução dos problemas, característico dos militares. Por outro lado, tem uma vasta experiência na área de emergências, portanto, também conhece bem os problemas das urgências no nosso país. Julgamos que a curto prazo pode dar um ‘apport’ positivo na organização”, disse o secretário-geral do SIM, Nuno Rodrigues.

Em declarações à Lusa a propósito do anúncio da nomeação feita hoje pelo Ministério da Saúde, o dirigente sindical defendeu a importância a médio prazo da capacidade de organização do sucessor de Fernando Araújo na Direção Executiva.

“Será fundamental para que haja de facto uma articulação em rede e uma diferenciação em termos de competitividade e eficiência do SNS. Não podemos ter, como até agora, múltiplos SNS, em que os cidadãos são tratados de diferente forma conforme a região do país onde vivem. É necessário uma uniformização e que haja um só SNS”, indicou.

Já a presidente da Fnam, Joana Bordalo e Sá, não se alongou em comentários sobre o perfil da nomeação do Governo para a Direção Executiva, preferindo realçar o atual contexto de dificuldades do SNS e as respostas que considerou serem necessárias.

“Este diretor executivo e a sua equipa – que ainda não sabemos qual é - tem um grande problema em mãos, que é lidar com um SNS que está com imensas dificuldades”, observou, desejando “a melhor sorte” a António Gandra d’Almeida.

Joana Bordalo e Sá lembrou ainda a carência de médicos nos cuidados de saúde primários, nos hospitais e na saúde pública, e notou que o reforço dos recursos humanos e a melhoria de condições de remuneração e trabalho pelo Governo são indispensáveis.

“A principal dificuldade desta direção executiva é tentar fazer omeletes sem ovos, porque faltam profissionais de saúde. Os médicos continuam a sair todos os dias para o setor privado e para a emigração, porque oferecem condições retributivas e de trabalho muito superiores ao que temos no SNS, enquanto isso não estiver garantido, não vamos conseguir ter equipas completas e motivadas”, referiu.

O Ministério da Saúde anunciou hoje que escolheu o médico António Gandra d’Almeida, de 44 anos, para substituir Fernando Araújo como diretor executivo do SNS e adiantou que o tenente-coronel tem uma vasta experiência em emergência médica.

Em comunicado, o ministério indica que o novo responsável foi diretor da delegação regional norte do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), é comandante do Agrupamento Sanitário, desempenha atividade assistencial hospitalar e pré-hospitalar e que nas Forças Armadas acumulou funções de chefia e de coordenação.

António Gandra d’Almeida tem uma especialização académica e profissional, destacando-se a licenciatura na Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa e a formação complementar na Academia Militar, uma Pós-Graduação em Saúde Militar, o mestrado em medicina de desastre e a especialidade em Cirurgia Geral, bem como a competência em Gestão de Serviços de Saúde, Emergência e Medicina Militar pela Ordem dos Médicos.

O novo diretor executivo foi responsável pelas Vias Verdes da Região Centro do INEM, desde 2014 até 2019, e esteve à frente da instalação e coordenação da Viatura Médica de Emergência e Reanimação (VMER) do Barreiro, entre 2016 e 2018, de acordo com a informação divulgada pelo ministério.

Também colaborou em várias comissões do Estado-Maior do Exército, Estado-Maior-General das Forças Armadas e Ministério da Saúde.

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