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Finlândia retoma doações à agência da ONU para refugiados palestinianos

Lusa
22-03-2024 14:41h

A Finlândia vai retomar a contribuição anual de cinco milhões de euros para a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Médio Oriente (UNRWA, na sigla em inglês), anunciou hoje o Governo finlandês.

Com esta decisão, anunciada pelo ministro do Comércio Externo e Desenvolvimento, Ville Tavio, a Finlândia junta-se aos principais doadores da UNRWA, como a União Europeia (UE), Canadá, Suécia e Austrália, que também anunciaram o restabelecimento do financiamento à agência para aliviar a grave crise humanitária na Faixa de Gaza, alvo de uma ofensiva militar israelita desde outubro.

Na quinta-feira, Portugal anunciou um reforço de 10 milhões de euros no financiamento à UNRWA, apoio que foi saudado entretanto pelo líder da agência da ONU, Philippe Lazzarini.

A Finlândia, tal como cerca de 20 outros países, suspendeu temporariamente a ajuda à agência em janeiro, depois de Israel ter avançado que 12 dos cerca de 30.000 funcionários da UNRWA estavam alegadamente envolvidos nos ataques conduzidos pelo grupo islamita palestiniano Hamas em território israelita, a 07 de outubro de 2023.

Em fevereiro, o Governo finlandês decidiu doar um montante semelhante - cinco milhões de euros - para a ajuda humanitária na Palestina através do Comité Internacional da Cruz Vermelha (CICV) e do Programa Alimentar Mundial (PAM), enquanto se aguardam as investigações sobre as alegadas ligações entre a UNRWA e o Hamas.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros da Finlândia solicitou informações à ONU sobre a situação da agência e encomendou um relatório independente, cujas conclusões revelam "claras deficiências" na gestão dos fundos e das instalações da UNRWA.

De acordo com uma declaração do Governo finlandês, a agência das Nações Unidas deu à Finlândia garantias bilaterais de que os abusos serão tratados de forma mais eficaz e preventiva.

"A prevenção dos abusos e o início de um controlo rigoroso da UNRWA dão-nos garantias suficientes, do ponto de vista da gestão dos riscos, de que o apoio pode continuar. Por conseguinte, o pagamento da ajuda à UNRWA para este ano vai prosseguir", afirmou Ville Tavio na declaração.

O ministro salientou que 10% da ajuda finlandesa – meio milhão de euros – será destinada à gestão do risco e ao controlo da aplicação da política anti-abusos da agência.

Segundo Tavio, as suspeitas de que a UNRWA está a apoiar as atividades terroristas do Hamas são graves e estão a ser investigadas pelo Serviço de Auditoria Interna da ONU, embora o relatório final ainda vá demorar algum tempo.

"É de importância vital para a Finlândia garantir que o nosso dinheiro não acaba por beneficiar o terrorismo. No entanto, a conclusão do relatório levará algum tempo e a UNRWA não pode ser substituída como ator humanitário em Gaza a curto prazo", afirmou o ministro ao justificar o reinício das doações.

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