A Comissão de Utentes dos Serviços Públicos do Barreiro apelou hoje à participação da população na concentração marcada para sábado, contra a suspensão do internamento do serviço de cardiologia no Centro Hospitalar Barreiro Montijo.
“Todos à concentração junto ao hospital do Barreiro. É urgente parar a sangria de serviços e valências. É urgente salvar o Serviço Nacional de Saúde”, refere a comissão num apelo lançado na rede social Facebook.
Em declarações à agência Lusa, Antonieta Bodziony, da Comissão de Utentes dos Serviços Públicos do Barreiro, explicou que a saída de médicos da especialidade daquela unidade hospitalar desde agosto levou a que a Unidade Local de Saúde do Arco Ribeirinho, do qual faz parte o hospital do Barreiro, no distrito de Setúbal, tivesse de suspender o internamento do serviço de cardiologia.
“Saíram dois em janeiro, um dos quais para a reforma, e em agosto saíram outros dois para a reforma”, disse, adiantando que atualmente a unidade tem apenas dois cardiologistas.
Na sexta-feira, a Unidade Local de Saúde do Arco Ribeirinho (ULSAR) anunciou que o serviço de cardiologia no Centro Hospitalar Barreiro Montijo iria deixar de ter atendimento urgente e de internamento a partir de segunda-feira.
Em comunicado, a ULSAR explicou que será feita uma reorganização da atividade da cardiologia concentrando-se, a partir de segunda-feira, em consultas externas, exames especiais de cardiologia e implantação de ‘pacemakers’, bem como consultoria interna às restantes especialidades.
De acordo com a Comissão de Utentes, é “urgente investir no Serviço Nacional de Saúde” e “fixar e valorizar todos os profissionais de saúde”.
“É urgente dotar o Centro Hospitalar Barreiro-Montijo dos meios e soluções necessárias para o pleno funcionamento nos seus diversos serviços”, lê-se na nota da Comissão de Utentes, que alerta que ao longo dos anos “tem sido voz ativa e reivindicativa na defesa de um maior investimento efetivo” no Serviço Nacional de Saúde, no hospital do Barreiro e nos centros de saúde do concelho.
Antonieta Bodziony considerou ainda que a situação é consequência da não valorização dos profissionais, levando a que não se fixem nos serviços públicos.
"Convidamos todas as forças políticas, câmaras municipais, utentes, a participar no protesto", adiantou.
Este é o segundo protesto promovido desde o início do ano pelos utentes do Barreiro, depois de em janeiro terem realizado um cordão humano em defesa do Serviço Nacional de Saúde em frente ao hospital.
A ULSAR, que integra o hospital Barreiro Montijo e que tem como áreas de influência os concelhos de Alcochete, Barreiro, Moita e Montijo e um total de 236 mil utentes, já indicou que numa situação de urgência “os utentes devem contactar a Linha SNS24, através do número 808 24 24 24, por forma a garantir uma resposta adequada à sua situação de saúde”.