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Primeira campanha mundial de vacinação contra a malária começou nos Camarões

LUSA
22-01-2024 10:55h

Os Camarões iniciaram hoje a primeira campanha mundial de vacinação em grande escala contra a malária, um "passo histórico" na luta contra uma das maiores causas de morte das crianças africanas, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Noah Ngah, um bebé de seis meses, recebeu a primeira injeção da vacina RTS,S sob os aplausos e as canções das enfermeiras de um pequeno hospital na cidade de Soa, a 20 quilómetros da capital Yaoundé, um dos muitos centros de vacinação em 42 distritos declarados prioritários pelo Governo deste vasto país da África Central, com cerca de 28 milhões de habitantes.

Um alívio para Hélène Akono, a mãe de Noah, que espera agora que o irmão gémeo seja vacinado. "Alguns pais estão relutantes, mas eu sei que as vacinas são boas para as crianças", disse à agência de notícias France-Presse (AFP).

Assim que a clínica abriu, já mães e pais de 17 crianças aguardavam pela administração da vacina.

A malária é uma doença transmitida aos seres humanos pela picada de certos tipos de mosquitos. Mata mais de 600.000 pessoas todos os anos, 95% das quais em África, segundo a OMS. Neste continente, mais de 80% das mortes atribuídas a esta patologia são de crianças com menos de cinco anos.

Mais de 300.000 doses da vacina contra a malária RTS,S, do grupo farmacêutico britânico GSK, a primeira a ser validada e recomendada pela OMS, foram entregues nos Camarões a 21 de novembro.

A campanha é coordenada pela OMS e financiada pela Gavi Vaccine Alliance, uma parceria público-privada que promove a vacinação de crianças do mundo contra algumas das doenças com maior índice de mortalidade.

Foram necessários dois meses para organizar o início desta campanha, durante a qual, segundo o Governo, a injeção antipalúdica é oferecida de forma sistemática e gratuita a todas as crianças com menos de seis meses de idade, ao mesmo tempo que as outras vacinas normais.

A RTS,S foi testada desde 2019 em programas-piloto em três países africanos: Quénia, o Gana e Maláui.

Os Camarões são “o primeiro país do mundo a introduzir a vacinação direta contra a malária", afirmou Aurélia Nguyen, diretora de Programas da Gavi, em Genebra, Suíça.

Em África, "uma criança com menos de cinco anos morre de malária quase todos os minutos", segundo a OMS, que hoje saudou a introdução da vacina nos programas de imunização essenciais e de rotina nos países de risco.

Os próximos países a iniciar a vacinação em grande escala nos próximos dias ou semanas, tendo já recebido 1,7 milhões de doses de RTS,S, são o Burkina Faso, a Libéria, o Níger e a Serra Leoa, segundo a OMS.

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