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Idanha-a-Nova vai monitorizar regularmente concentração de glifosato no concelho

LUSA
06-12-2023 16:24h

A Câmara Municipal de Idanha-a-Nova, no distrito de Castelo Branco, vai monitorizar com regularidade a concentração de glifosato em todo o concelho e vai avançar com um estudo sobre medidores ambientais à água, ar e solo.

“A partir de agora, as análises que fizemos este ano vamos fazer habitualmente”, afirmou hoje à agência Lusa o presidente do município de Idanha-a-Nova, Armindo Jacinto.

Esta decisão surge após análises realizadas pelo laboratório do Centro Tecnológico das Indústrias do Couro (CTIC), que desmentiram o estudo divulgado pela Plataforma Transgénicos Fora que apontava para uma elevada concentração de glifosato em Idanha-a-Nova.

“O laboratório [CTIC] efetuou as análises e emitiu os relatórios de resultados. E estes não deixam dúvidas: a concentração de glifosato em todas as amostras realizadas situa-se abaixo do limite do quantificável, isto é, uma concentração inferior a 0,03 miligramas/litro”, divulgou na segunda-feira o município de Idanha-a-Nova, numa nota enviada à Lusa.

Posteriormente, através de um ‘e-mail’, a autarquia corrigiu o valor divulgado na nota, que não corresponde a 0,03 miligramas/litro, mas sim a 0,03 microgramas (µg/L).

A Plataforma Transgénicos Fora divulgou em setembro um estudo europeu em que uma das amostras recolhidas em Idanha-a-Nova continha três microgramas/litro (µg/L), isto é, 30 vezes mais do que o limite legal, tendo sido a mais elevada concentração de glifosato detetada nas amostras analisadas no estudo.

O autarca de Idanha-a-Nova disse ainda que o município vai fazer um estudo sobre medidores ambientais (água, ar e solo) em todo o concelho.

“Não vamos fazer a recolha num sítio. Vamos fazer por todo o concelho para percebermos o ponto da situação. A ideia é estar atento aos indicadores ambientais no concelho de Idanha-a-Nova na água, solo e ar, e ter esses indicadores ambientais que nos permitam fazer uma análise do estado ambiental do concelho”, sustentou.

Armindo Jacinto continua sem perceber os resultados do estudo europeu e os critérios para a escolha da Herdade da Fonte Insonsa, ao nível da concentração do glifosato, a mais elevada nas amostras analisadas e que levou a autarquia a proceder à contratação de um laboratório independente e devidamente acreditado, o CTIC.

“Obviamente não compreendemos nem percebemos. Seremos sempre os primeiros interessados em perceber o ponto da situação. Achamos estranho que tenham escolhido a biorregião de Idanha-a-Nova. Os concelhos limítrofes têm todos culturas intensivas e as culturas intensivas dos amendoais [existentes em Idanha-a-Nova] nem são as mais danosas”, sintetizou.

O autarca estranha a escolha e ter sido anunciado que Idanha-a-Nova tinha os níveis mais elevados de glifosato da Europa.

“É um exagero absolutamente incompreensível. Aquilo que fizemos foi medir e vamos medir habitualmente e divulgar as nossas análises para que as pessoas estejam por dentro da situação”, concluiu.

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