O Check-Up recebeu esta semana Alexandre Valentim-Lourenço, direitor interino do serviço de Obstetrícia e Ginecologia do Hospital de Santa Maria e Eunice Carrapiço, diretora executiva do Agrupamento de Centros de Saúde Lisboa-Norte. Entre os temas trazidos pela jornalista Vera Arreigoso, esteve a recusa de um grupo de médicos em trabalhar mais do que as 150 horas extra previstas por lei.
No início de setembro, o ministro da Saúde recebeu uma carta aberta com mais de 1.000 assinaturas de médicos a avisar da sua indisponibilidade para fazerem mais horas extra a partir de 12 de setembro, ou seja, além das 150 a que são obrigados por lei.
Desde então, segundo o movimento Médicos em Luta, que entretanto se constituiu, a indisponibilidade dos médicos provocou "problemas na elaboração da escala do serviço de urgência" em pelo menos 21 hospitais, incluindo Viana do Castelo, Garcia da Orta, Bragança, Barreiro, Guarda, Viseu, Santarém, Braga, Matosinhos, Leiria, Aveiro, Caldas e Torres Vedras, Portimão e o Hospital Santa Maria.
A Ordem dos Médicos já pediu uma reunião urgente ao ministro da Saúde para encontrar soluções imediatas que coloquem fim ao que classifica de "grave situação que o Serviço Nacional de Saúde (SNS)" atravessa. Carlos Cortes adiantou que as informações que chegam à Ordem dos Médicos é que são à volta de 25 hospitais a não conseguir assegurar áreas tão sensíveis como medicina interna, cirurgia, pediatria, cardiologia, cuidados intensivos e ginecologia e obstetrícia.
Alexandre Valentim-Lourenço considera que faltam pessoas, mas também existe má organização.
Na opinião de Eunice Carrapiço, a capacidade de retenção de profissionais no SNS é essencial, passando pela remuneração e pelos incentivos associados ao desempenho.
O Check-Up analisa todas as semanas a atualidade da saúde, com moderação da jornalista Vera Arreigoso.
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