SAÚDE QUE SE VÊ

Ucrânia: Contraofensiva torna necessário mais material médico além de militar - ativista

LUSA
09-08-2023 08:34h

A contraofensiva lançada pela Ucrânia em junho para recuperar território capturado pela Rússia está a aumentar o número de soldados feridos e a necessidade de equipamentos, militares e também médicos, adiantou à agência Lusa uma médica ativista ucraniana.

Olesya Vinnyk, de 32 anos, juntou-se depois do início da invasão russa da Ucrânia, em fevereiro de 2022, à Ukrainian World Congress, uma organização não-governamental (ONG) que representa 20 milhões de ucranianos em 65 países.

Com o início da guerra, esta ONG redirecionou esforços, contou à Lusa a médica de Lviv (oeste da Ucrânia) à margem da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) em Lisboa, onde Vinnyk participou como palestrante no Encontro Internacional de Jovens Médicos Católicos.

“O intuito do nosso trabalho mudou significativamente. Desde os primeiros dias da invasão em grande escala, estabelecemos uma iniciativa global “Unite with Ukraine”. As principais direções de esforços incluem a entrega de equipamento de proteção, capacetes, ‘drones’, óculos de visão noturna, veículos blindados juntamente com ‘drones’ e outros equipamentos para nossas forças de defesa”, explicou.

“Tendo em consideração a segurança dos soldados ucranianos, também suprimimos a falta de equipamentos médicos táticos adequados, indispensáveis para sobreviver no campo de batalha. Foi assim que surgiu a componente médica pela qual sou responsável”, acrescentou Olesya Vinnyk.

Esta iniciativa médica tem atualmente três objetivos principais: fornecer equipamentos médicos táticos “adequados para os defensores ucranianos”, como ‘kits’ de primeiros socorros individuais, descobrir “novas possibilidades de educação para profissionais de saúde ucranianos” e diplomacia médica, que procura “falar para a comunidade médica internacional sobre as atrocidades russas e a situação médica na linha de frente”, detalhou a ucraniana.

“Tentamos convencer grandes organizações médicas a excluir membros russos como representantes de um Estado agressor que viola todas as normas do mundo civilizado”, frisou.

Com um gabinete sediado em Lviv, região afastada da frente de combate, o trabalho decorre, no entanto, em toda a Ucrânia “com foco em zonas de linha de frente e objetivos estrategicamente importantes”, num trabalho de cooperação com “comandantes de diferentes serviços”, que encaminham equipamento fornecido para “onde é mais necessário”.

Numa fase em que decorre uma contraofensiva das forças ucranianas no sul e leste do país, Olesya Vinnyk frisou que os combates resultam num maior número de soldados feridos, o que leva também à “necessidade de mais equipamentos táticos”.

“Tentamos pensar alguns passos à frente e, em conjunto com os comandantes, estamos a fornecer os médicos da linha de frente com antecedência”, apontou.

Olesya Vinnyk destacou ainda que, nesta fase de contraofensiva, os russos tendem a “atacar mais instalações civis, ignorando todas as normas das Convenções de Genebra e as regras comuns da lei civilizada”.

 A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou, de acordo com os mais recentes dados da ONU, a pior crise de refugiados na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

A invasão russa – justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.

MAIS NOTÍCIAS