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Organização de direitos humanos apela a limpeza de resíduos de antiga mina na Zâmbia

LUSA
20-07-2023 13:46h

A organização Human Rights Watch (HRW) pediu hoje ao Governo da Zâmbia que limpe os resíduos da antiga mina de chumbo de Kabwe, no centro da Zâmbia, que está contaminada e põe em risco a saúde de 200 mil pessoas.

"O Governo zambiano deve desenvolver urgentemente um programa de reabilitação abrangente para a antiga mina de chumbo de Kabwe", disse hoje Juliane Kippenberg, diretora adjunta da Divisão de Direitos da Criança da HRW, através de um comunicado.

Num vídeo divulgado hoje pela organização, ativistas da ONG Environment Africa e um perito denunciam o risco para os habitantes das aldeias que rodeiam a mina.

"Esta é Kabwe, esta é a nossa casa. Temos o direito de viver num ambiente limpo, saudável e sustentável que não nos faça adoecer", afirmou o jovem Mwelwa Lungu.

A poluição que afeta os vizinhos provém de uma antiga mina de chumbo e zinco, inicialmente propriedade da Anglo American e de outras empresas coloniais britânicas, que foi posteriormente nacionalizada e encerrada em 1994.

"No entanto, os resíduos tóxicos da mina nunca foram limpos. Como resultado, o pó de chumbo das suas grandes lixeiras descobertas espalhou-se pelas áreas residenciais próximas, como Chowa, Kasanda e Makululu", segundo a HRW.

A investigação médica estimou que 95% das crianças que vivem perto da antiga mina em Kabwe têm níveis elevados de chumbo no sangue e, destas, cerca de metade necessitam de "intervenção médica urgente".

O metal tóxico, alertou a organização, provoca atrasos no crescimento e no desenvolvimento, dificuldades de aprendizagem e perda de memória, bem como muitos outros efeitos irreversíveis para a saúde, como o coma ou mesmo a morte.

De facto, a Organização Mundial de Saúde (OMS) inclui o chumbo entre os dez produtos químicos que representam um "grave problema de saúde pública".

O Governo zambiano, com um empréstimo do Banco Mundial (BM), fez "alguns esforços limitados" para remediar o problema, incluindo testes e tratamento de algumas crianças e a limpeza de um pequeno número de casas e de um canal altamente contaminado.

Embora o Presidente do país, Hakainde Hichilema, tenha ordenado ao Ministério da Economia Verde e do Ambiente, em 2022, que criasse um comité técnico para realizar o trabalho, o órgão ainda não está a funcionar e não foram divulgados planos concretos para a remediação da mina, disse a HRW.

A ONG advertiu que as medidas adotadas pelas autoridades "serão rapidamente revertidas se a própria fonte de poluição - os resíduos da mina - não for limpa e continuar a contaminar as áreas circundantes".

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