O Governo da Madeira e o Comando Regional da Polícia de Segurança Pública formalizaram hoje um acordo para assistência psicológica aos agentes através do Serviço de Saúde da Região Autónoma (Sesaram), no âmbito da prevenção de crises e doenças mentais.
“Este protocolo vai permitir que os polícias que estão a passar por crises do foro psicológico ou no âmbito da saúde mental e que pedem apoio possam ter esse apoio mais célere”, disse o comandante da PSP na Madeira, Luís Simões, sublinhando que a estratégia visa também prevenir “todas as situações que possam potenciar ideações ou atos suicidas”.
O responsável falava na cerimónia de assinatura do protocolo para assistência na área da psicologia com o Sesaram, no Comando Regional, no Funchal, na qual participou o secretário da Saúde e Proteção Civil, Pedro Ramos.
“Aqui, na região, temos dificuldades que no continente não são tão visíveis”, disse Luís Simões, esclarecendo que, por um lado, a Divisão de Psicologia da PSP não tem qualquer profissional afeto ao Comando Regional, e, por outro lado, apenas duas das clínicas que integram a convenção do Serviço de Assistência na Doença da polícia dispõem de psicólogos.
“De todos os protocolos que tenhamos assinado aqui, no Comando Regional da Madeira, este é provavelmente aquele que eu mais desejava que se concretizasse”, afirmou, sublinhando, no entanto, que o Sesaram já antes prestava apoio à polícia na área da psicologia.
Luís Simões explicou que a exposição constante a situações de violência e o acesso permanente a armas de fogo por parte dos agentes da PSP são fatores que podem potenciar a concretização de ideações ou impulsos suicidas em momentos de crise.
O responsável referiu que os dados oficiais apontam para a ocorrência de 10 a 12 suicídios por ano e por 100 mil habitantes em Portugal, sendo que ao nível das forças de segurança “houve alguns anos, como em 2008 e em 2015, em que chegamos a ter 33 por 100 mil habitantes, três vezes superior à taxa da população em geral”.
Na Madeira, o último suicídio de um agente da Polícia de Segurança Pública ocorreu em 2019.
“Pedir apoio não é uma fragilidade, mas um sinal de força”, declarou Luís Simões.
Já o secretário regional da Saúde e Proteção Civil afirmou que a região autónoma tem o “melhor rácio de psicólogos no país”, com 74 afetos ao Sesaram, dos quais 42 associados aos cuidados de saúde primários e 32 aos cuidados hospitalares.
“Estamos em condições, neste momento, o Serviço de Psicologia, o Serviço de Psiquiatria, de assegurar esta resposta de uma forma eficaz, de uma forma eficiente”, disse Pedro Ramos, sublinhando que a ligação será direta, confidencial e em circuito fechado.
O Comando Regional da PSP da Madeira conta com 750 polícias e 15 funcionários civis.