A influenciadora digital e estudante guineense no Porto, Janete Camará, criou um manual escrito em crioulo para ajudar a consciencializar a população sobre a necessidade do combate à violência baseada no género, um fenómeno crescente na Guiné-Bissau.
Em declarações à Lusa, Janete Camará, estudante do quarto ano de Direito na Universidade Lusíada do Porto, mostrou no computador o manual, com textos e ilustrações, que espera divulgar na Guiné-Bissau ainda este ano, caso consiga um financiamento para a impressão do livro.
“O livro vai falar sobre a violência baseada no género, nomeadamente a violência doméstica e também da saúde sexual reprodutiva porque são assuntos que me interessam bastante e que tenho algum domínio. Quem me acompanha nas redes sociais sabe que abordo estas questões na tentativa de consciencializar a minha comunidade e o meu país que é a Guiné-Bissau”, explicou Janete Camará.
Com frequência bastante ativa nas redes sociais TikTok e Instagram, a estudante guineense, que se assume como ativista por questões da igualdade do género, costuma abordar temas como a violência conjugal, o assédio às meninas na escola, o casamento forçado de meninas, entre outros.
Janete Camará disse ser preocupante saber que 67% das mulheres guineenses já foram vítimas de alguma forma de violência.
Tal como faz nos vídeos nas redes sociais, Janete Camará utiliza o crioulo da Guiné-Bissau na construção do manual para poder, disse, atingir o maior número de guineenses que se expressam naquela que é a língua nacional do país.
A ativista que se considera também defensora das crianças e mulheres guineenses acredita que com as ilustrações e com textos em crioulo, a questão do baixo nível de escolarização da população será esbatida com o livro.
Janete Camará vê a Educação como única fórmula para ajudar a mudar a mentalidade da população na Guiné-Bissau sobre um fenómeno que disse ter crescido sobretudo durante o período da pandemia da covid-19.
“Acredito que a Educação é a peça fundamental para nós mudarmos a realidade da situação em termos de igualdade do género. Falando na língua nacional, de alguma forma, vou conseguir levar a informação mais objetiva e sucinta”, sublinhou.
Janete Camará já bateu às portas das autoridades guineenses na tentativa de obter apoios para a produção do livro, mas para já conta apenas com os apoios de amigos que “comprar a ideia” e de uma equipa de jovens e adolescentes voluntários na Guiné-Bissau, pronta para ajudar a divulgar o manual logo que chegue ao país.