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Covid-19: Governo brasileiro estudará comportamento do vírus em clima tropical após paciente infetado

LUSA
26-02-2020 15:51h

O ministro da Saúde brasileiro, Luiz Henrique Mandetta, afirmou hoje que o país irá estudar o comportamento do coronavírus Covid-19 num clima tropical, após a confirmação do primeiro caso de infeção no Brasil.

"Agora é que vamos ver como este vírus se vai comportar num país tropical, durante o verão. Veremos como será o padrão de comportamento deste vírus, que é novo e tanto pode manter o mesmo padrão de comportamento de transmissão que apresentou no hemisfério norte, onde, nesta época, faz frio”, disse hoje o ministro, em conferência de imprensa, após confirmar o primeiro caso do novo coronavírus no país.

O Brasil confirmou hoje de madrugada o primeiro caso positivo de contágio pelo coronavírus Covid-19, um homem de 61 anos, residente em São Paulo, que regressou recentemente do norte de Itália.

Segundo o ministro da Saúde, o paciente ficou em Itália de 09 a 21 de fevereiro e regressou ao Brasil sem sintomas.

"Em relação a fronteiras, o mundo é globalizado. Esse paciente saiu da Itália, mas fez uma conexão em Paris. É uma situação em que tentamos mapear para entender o deslocamento das pessoas e dos vírus. Aumenta a nossa vigilância e preparativos para atendimento", indicou o governante.

Segundo o Governo do Brasil, o cidadão infetado ficará em isolamento domiciliar durante 14 dias, frisando que esse é o protocolo para pacientes que não apresentem quadros respiratórios graves, como é o caso.

"Neste caso, trata-se apenas de um paciente. Ele já estava dentro da sua própria casa, ele já estava com a sua esposa. Ao levarmos esse paciente para o meio hospitalar, só aumentaríamos o risco de outros pacientes debilitados. O protocolo realça esse isolamento domiciliar", disse Mandetta.

"O paciente infetado está com sintomas básicos de gripe, e está a ser acompanhado. Caso a situação de respiratória piore, será levado para ambiente hospitalar", garantiu o ministro.

Após a confirmação do primeiro caso de coronavírus Covid-19 no Brasil, que é também o primeiro caso na América Latina, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) brasileira pediu à companhia aérea que transportou o paciente infetado a lista de passageiros que estavam no mesmo voo.

Após regressar ao Brasil, o homem de 61 anos infetado recebeu em sua casa, no domingo, cerca de 30 familiares. De acordo com o ministro da Saúde, também esses familiares estão a ser monitorizados.

O Brasil já estava no terceiro nível de risco, o mais alto dos três estabelecidos pelo Ministério da Saúde para enfrentar o virus. O nível foi aumentado no início do mês, de forma facilitar o repatriamento de 34 brasileiros que estavam na cidade chinesa de Wuhan, e que já tiveram alta no domingo, sem casos de infetados.

O Brasil é o segundo país do Hemisfério Sul, depois da Argélia, a confirmar o primeiro caso de coronavírus no seu território, afirmou Luiz Henrique Mandetta.

O governante apelou a que cidadãos com sintomas do vírus não viajem e que procurem autoridades da Saúde.

"Não há como bloquear as pessoas, isso não tem eficácia. Há um grande trânsito mundial. A regra é: se tem sintomas, não viaje. Se viajou, informe as autoridades. Se não tem sintomas, mas viajou de regiões que estão sob atenção, procure as autoridades de saúde", indicou Luiz Henrique Mandetta.

Neste momento, há vinte casos suspeitos da doença no país sul-americano, segundo o Ministério da Saúde brasileiro.

O balanço provisório da epidemia do coronavírus Covid-19 é de pelo menos 2.763 mortos e cerca de 81 mil infetados, de acordo com dados reportados por mais de 40 países e territórios.

Das pessoas infetadas, quase 30 mil recuperaram.

Além de 2.717 mortos na China, onde o surto começou no final do ano passado, há registo de vítimas mortais no Irão, Coreia do Sul, Itália, Japão, Filipinas, França e Taiwan.

A Organização Mundial de Saúde declarou o surto do Covid-19 como uma emergência de saúde pública de âmbito internacional e alertou para uma eventual pandemia, após um aumento repentino de casos em Itália, Coreia do Sul e Irão nos últimos dias.

Em Portugal, já houve 17 casos suspeitos, que resultaram negativos após análises.

O único caso conhecido de um português infetado pelo novo vírus é o de um tripulante de um navio de cruzeiros que foi internado num hospital da cidade japonesa de Okazaki, situada a cerca de 300 quilómetros a sudoeste de Tóquio.

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