O bastonário da Ordem dos Psicólogos alertou hoje que a ilha das Flores, nos Açores, não dispõe de um número suficiente de profissionais que permita "um acompanhamento da população em várias valências".
“Embora existam três profissionais que tentam dar a máxima resposta possível e fazem um esforço muito grande, seria importante acautelar-se mais algum reforço tendo em conta as características de insularidade na ilha das Flores”, disse Francisco Miranda Rodrigues, em declarações à agência Lusa.
O bastonário da Ordem dos Psicólogos Portugueses (OPP) e a direção regional dos Açores visitaram hoje a ilha das Flores, onde reuniram com psicólogos.
A ilha tem atualmente no ativo três psicólogos, dois dos quais afetos ao contexto escolar e um ao trabalho mais ligado a área da violência, na dependência da Santa Casa da Misericórdia.
Quanto ao centro de saúde, a única psicóloga "está atualmente de baixa médica" e "a unidade está temporariamente sem cobertura", recorrendo temporariamente a "um recurso fora da ilha", sinalizou o bastonário.
Existe uma vaga a concurso que permitirá expandir de uma para duas as psicólogas naquela unidade de saúde.
Francisco Miranda Rodrigues disse que, apesar de "estar aberta uma vaga para um segundo psicólogo" na unidade saúde das Flores, seria "importante" acautelar já uma substituição temporária, sublinhando que existem "situações que exigem intervenções mais continuadas".
"A ilha das Flores necessita de um reforço de profissionais. A verdade é que é difícil aplicar rácios quando as condições no terreno são tão diferenciadas e com isolamento", sustentou o bastonário da Ordem dos Psicólogos.
Segundo Francisco Miranda Rodrigues, a falta de recursos nas Flores exige que "os psicólogos de várias áreas se complementem na sua ação".
"Muitas vezes, o psicólogo tem de fazer o apoio aos vários elementos da família mesmo em situações onde isto não seria desejável", alertou Francisco Miranda Rodrigues, ao destacar que o trabalho em rede também beneficiaria muito a população das Flores porque "permitiria separar as intervenções".
O bastonário, que esteve também na ilha de São Miguel, evidenciou "o forte compromisso" dos psicólogos que trabalham nas escolas e "na adaptação que está a começar a ser feita à legislação sobre inclusão", onde os profissionais "têm um papel preponderante".
"Fica evidente também não só o forte compromisso destes profissionais em trabalharem estas matérias, mas também da importância do contributo que podemos dar enquanto psicólogos e que a psicologia tem a dar, enquanto ciência, às políticas públicas", sublinhou.
O bastonário destacou ainda os concursos abertos pelo Governo Regional para as unidades de saúde nos Açores.
"Foram prometidas algumas dezenas de contratações pelo Governo Regional e vários destes concursos estão já em curso. E, realmente esse reforço é muito importante", disse, lembrando que, no caso das escolas, os profissionais têm muitas vezes de estar a dar "mais reposta às emergências mais clínicas e não propriamente a desenvolver um trabalho preventivo" e sobre as aprendizagens que "é suporto exercerem" nos estabelecimentos de ensino.