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Polémica de nomeação de diretor clínico da Madeira resolve-se com diálogo - Governo

LUSA
17-02-2020 13:42h

A polémica em torno da nomeação do diretor clínico do Serviço de Saúde da Madeira resolve-se com “diálogo”, insistiu hoje o secretário com a tutela no Governo Regional, defendendo que “todos têm direito a uma opinião diferente”.

“Acho que todos nós podemos ter uma opinião diferente. É isso que faz fortalecer o nosso Serviço Regional de Saúde”, declarou Pedro Ramos aos jornalistas à margem de um conferência que assinala os 38 anos do Serviço Regional de Proteção Civil.

O governante foi questionado sobre a situação de dezenas de médicos que contestam a nomeação de Mário Pereira, médico ortopedista do Serviço Regional de Saúde (Sesaram) e ex-deputado do CDS-PP no parlamento madeirense, para o cargo de diretor clínico.

Esse grupo de médicos têm prevista uma reunião hoje para decidirem medidas de contestação a adotar.

Pedro Ramos argumentou que pretende “contornar a situação com diálogo, que é a forma mais natural e mais simples com que os cidadãos, embora tenham opiniões diferentes, conseguem construir um serviço regional de futuro”.

O responsável defendeu o direito a opiniões diferentes dos clínicos, mas vincou que existem “decisões superiores” que têm de ser respeitadas.

“Todos os elementos são bem vindos para que a estratégia do Governo Regional no âmbito da Saúde, que é um pilar da sua governação, continue com o mesmo sucesso como teve nos últimos quatro anos”, salientou.

O secretário apontou que manteve “reuniões com todos os colegas”, mencionando que “uns são aderentes, outros ainda um pouco resignados”.

Mas, complementou: “Espero que o bom senso prevaleça”, mantendo que não muda de “opinião de um dia para outro”.

“Foram 30 anos muito intensos [que trabalhou no Sesaram], que trabalhei com todos, mas todos temos o direito a opiniões diferentes, mas a saúde está em primeiro lugar para os madeirenses”, enfatizou.

Pedro Ramos mencionou que existem “5.500 profissionais na organização [SESARAM], que é a maior da Madeira, que, com uma grande responsabilidade, trata de doentes e não têm todos a mesma opinião”, tendo assumido “o mesmo compromisso e a missão” que serve para “concretizar a saúde”.

Em 07 de fevereiro, Mário Pereira, médico ortopedista do Sesaram e ex-deputado centrista no parlamento madeirense, tomou posse como diretor clínico do SESARAM, nomeado pelo Governo Regional, de coligação PSD/CDS-PP, após a polémica que motivou o afastamento de Filomena Gonçalves, inicialmente apontada para o cargo de diretora clínica.

Notícias divulgadas pelos órgãos de comunicação social regionais davam conta de que cerca de 90% dos diretores de serviço do Sesaram se opunham à alteração dos estatutos, de modo a permitir a nomeação de Filomena Gonçalves, indicada pelo CDS-PP.

Os estatutos do Sesaram determinam que a direção clínica deve ser assumida por um médico dos quadros, ao passo que a médica exerce a atividade no setor privado.

Na sequência destas revelações, Filomena Gonçalves manifestou-se indisponível para o cargo, considerando também ter sofrido uma "humilhação pública".

Apesar de o novo diretor clínico ter apelado à “pacificação”, 33 dos 50 diretores de serviço do Sesaram apresentaram a demissão em protesto pela nomeação de uma "pessoa que está adstrita aos partidos" que constituem o Governo Regional de coligação PSD/CDS-PP, o que representava a partidarização da área clínica da saúde.

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