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Covid-19: Motoristas pedem ajuda ao Governo de Macau face a situação de “quase extrema pobreza”

LUSA
17-02-2020 12:16h

Um grupo que representa cerca de 400 motoristas de autocarros entregou hoje uma petição ao chefe do Governo de Macau a pedir ajuda financeira, face à crise que se agravou com o impacto económico do surto do coronavírus Covid-19.

A situação foi descrita como de “quase extrema pobreza” pelo único deputado português na Assembleia Legislativa (AL) de Macau, José Pereira Coutinho, que acompanhou o grupo.

Os profissionais, ligados sobretudo a agências de turismo, mas também de autocarros dos casinos de Macau, falam numa “situação de aflição” que os levaram a solicitar a atribuição “excecional de um subsídio sem juros e a antecipação do subsídio adstrito ao regime de previdência central não obrigatório”.

No documento, os motoristas lembram que já desde agosto de 2019 a redução do trabalho resultou “no despedimento de muitos dos (…) condutores por parte das agências de viagens”, o que teve um impacto profundo nas cerca de 400 famílias que dependem daquele rendimento.

“A maioria [dos subscritores da petição] está desempregada, tem famílias para sustentar, despesas para pagar com os filhos em idade escolar, amortizações bancárias e rendas (…) e muitas despesas fixas” que os coloca “na rua da amargura”, pode ler-se na mesma petição.

Por outro lado, pedem ao chefe do Governo que proíba os condutores da China continental de “exercer trabalho ilegal em Macau, transportando diretamente turistas de um lado para o outro” no território.

A acompanhar este “grupo de condutores profissionais desamparados”, assim subscrevem os condutores a petição, encontrava-se o único deputado português no parlamento local de Macau.

“O que viemos aqui fazer hoje foi entregar uma petição ao chefe do executivo e dizer que existem cerca de 400 famílias em quase extrema pobreza”, salientou José Pereira Coutinho.

Segundo o deputado, “dada a gravidade da situação, entenderam vir ter diretamente com o chefe do executivo porque a cada dia que passa (…) é menos um dia de apoio e mais um dia de sofrimento”.

“É uma crise social”, afirmou, ao lado de um dos motoristas que tem dois filhos menores, está desempregado desde agosto e tem recorrido a empréstimos de amigos, cujo orçamento familiar suporta uma renda de casa de 7.500 patacas (865 euros) e depende exclusivamente da mulher, empregada num casino e que recebe cerca de 10 mil patacas (1.150 euros).

Os ‘magros’ salários-base, na ordem das 2.000 ou 3.000 patacas (230, 345 euros) e o facto de não terem direito a férias ou qualquer tipo de proteção em caso de doença são algumas das reclamações destes profissionais, cuja situação, alegaram, se agudizou com o impacto económico do novo coronavírus no setor.

Há quase duas semanas, os casinos de Macau fecharam as portas que o Governo de prepara para reabrir a partir de quarta-feira, uma medida que foi complementada com o encerramento de serviços públicos e de negócios locais que praticamente paralisaram a economia, muito dependente, de resto, do mercado turístico chinês.

O Covid-19 já matou 1.770 pessoas na China continental e infetou 70.548. Em Macau, foram identificados cinco casos de infeção, mas cinco pacientes já receberam entretanto alta hospitalar.

Além de 1.770 mortos na China continental, há a registar um morto na região chinesa de Hong Kong, um nas Filipinas, um no Japão e um em França.

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