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Covid-19: PSD apela ao Governo que “rapidamente” siga recomendações e altere matriz de risco

LUSA
27-07-2021 15:01h

O PSD defendeu hoje que o Governo deve “rapidamente” acolher as recomendações dos especialistas e alterar a matriz de risco, apelando também a uma campanha de esclarecimento antes de se avançar para a eventual vacinação dos mais jovens.

“Finalmente, depois de uma discussão de semanas sobre a necessidade de rever a matriz de risco - os indicadores que as autoridades usam para determinar medidas mais ou menos restritivas - há um reconhecimento por parte dos especialistas de que não podemos continuar a responder à pandemia em julho de 2021 como respondíamos em março de 2020”, defendeu o vice-presidente da bancada do PSD Ricardo Baptista Leite, em declarações aos jornalistas no parlamento.

Depois de ter assistido, por videoconferência, à reunião no Infarmed que voltou a juntar hoje especialistas e políticos para avaliar a situação epidemiológica da covid-19 e o eventual levantamento de algumas medidas de restrição, o deputado recordou que os sociais-democratas já propuseram essa revisão há algumas semanas e deixou um apelo ao Governo.

“O PSD espera que o que são as recomendações dos especialistas sejam refletidas rapidamente no Conselho de Ministros e em articulação com os vários setores da economia”, disse, considerando que “há um verão inteiro pela frente” e esperança de alguns setores de recuperarem parte das perdas do último ano e meio.

Sobre a vacinação de crianças e jovens entre os 12 e 16 anos - anunciada pelo primeiro-ministro, António Costa, como estando pronta a avançar entre agosto e setembro, mas ainda condicionada a uma decisão final da Direção Geral da Saúde -, o médico e deputado do PSD considerou ser necessário, primeiro, “tranquilizar os pais”.

“Deve haver uma campanha clara, transparente, com base na ciência que explique quais os dados para sustentar uma eventual vacinação dessa população”, defendeu.

Para Baptista Leite, “o que não pode acontecer é anunciar que se vai avançar para a vacinação sem tranquilizar os pais que, neste momento, vivem com dúvidas importantes”.

Questionado que restrições entende o PSD poderem ser já levantadas, o deputado voltou a remeter para as recomendações dos especialistas, que hoje sugeriram quatro níveis para a evolução das medidas de restrição, de acordo com a taxa de vacinação e a atualização do limiar de incidência na avaliação de risco para 480 casos por 100 mil habitantes.

“A alteração da matriz altera uma série de indicadores, que evitará que sejam impostas medidas restritivas numa fase precoce”, apontou, defendendo ainda uma “maior clareza nos horários”.

Depois de o Presidente da República se ter assumido atualmente como um “otimista irritante” quanto à evolução da pandemia, o deputado do PSD preferiu qualificar a posição do partido como “realista”.

“O PSD é sempre realista, lidamos com os dados e a ciência e queremos que a economia possa abrir o mais depressa possível”, afirmou.

O deputado PSD salientou que uma linha consensual da reunião foi o impacto da vacinação: “As vacinas estão a salvar vidas, quem não se vacinou e já tem direito, deve vacinar-se o mais depressa possível”, apelou.

Baptista Leite deixou, por outro lado, uma preocupação em relação às vacinas da gripe, dizendo que foi feito um alerta que, por ter havido medidas restritivas (como uso de máscaras e distanciamento social) “praticamente não houve gripe” no inverno passado, temendo-se “um surto desproporcional” no próximo inverno.

“Há uma recomendação para desde já reforçar o plano de vacinação da gripe, alargando os grupos populacionais abrangidos. O Governo tem de dizer quantas vacinas vamos ter, quais os grupos populacionais que quer vacinar”, disse.

O deputado e médico pediu ainda um maior investimento na sequenciação genómica das variantes, comparando este trabalho dos laboratórios ao dos guardas-florestais nos postos de vigia: “São os primeiros a dar o alerta”.

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