SAÚDE QUE SE VÊ

Recivalongo nega relação entre insetos e operação de aterro em Valongo

LUSA
24-06-2021 19:43h

A Recivalongo revelou hoje ter estudos que comprovam não haver ligação entre a atividade do aterro de Sobrado, em Valongo, e a presença de insetos junto das populações, conforme hoje denunciado pela associação ambientalista Jornada Principal (AJP).

Em resposta à denúncia hoje feita pela AJP à delegada de Saúde Regional do Norte, Maria Neto, dando conta que nas últimas semanas “cerca de 40 pessoas, tendo algumas sido internadas no hospital”, foram picadas por insetos que relaciona com a atividade do aterro, a Recivalongo citou conclusões de “peritos” para afirmar o contrário.

Enfatizando o “mais recente estudo (…) realizado pela Biota e concluído no início de 2021”, e feito “durante um ano na zona do aterro e na zona urbana da freguesia, até às habitações de Sobrado”, a empresa afirma que os “peritos” não encontraram “evidências de que a atividade (…) possa ter um papel de promoção de comunidades de insetos que possam ser prejudiciais para a saúde pública, ou mesmo potenciadoras de incomodidades para as populações”.

No comunicado enviado à Lusa, a empresa sustenta que “os levantamentos têm identificado como potenciais causas da existência destes insetos a proximidade ao rio Ferreira poluído, a existência de explorações agrícolas e pecuárias e o deficiente funcionamento da ETAR de Campo”.

Reiterando que “cumpre escrupulosamente todos os requisitos legais e normativos e que não existe, no aterro, qualquer risco de saúde para a população”, a Recivalongo lamenta “mais uma campanha de desinformação lançada pela Associação Jornada Principal que, como se comprova, ignora os estudos mais recentes sobre a questão”.

Em declarações à Lusa, a presidente da AJP, Marisol Marques, revelou que o “problema que se repete há alguns anos assim que chega o verão, e que se voltou a manifestar nas últimas semanas”, foi denunciado ao Agrupamento de Centros de Saúde Maia/Valongo sem que “tenham conseguido uma resposta”.

Em consequência, a associação avançou hoje com uma denúncia para a delegada de Saúde Regional do Norte, Maria Neto, onde salienta o “desespero da população de Sobrado”, que vive a poucas centenas de metros do aterro.

“Face ao flagelo que vive diariamente, a população desespera pela ausência de respostas e ações concretas, as picadas de insetos e as suas consequências na saúde são diárias”, lê-se na denúncia a que a Lusa teve acesso.

O documento é acompanhado de 30 fotografias onde mostram “pessoas de todas as idades com os membros ou outras partes do corpo inchadas por causa das picadas”, explica Marisol Marques.

“Nas últimas semanas foram cerca de 40 pessoas que ficaram infetadas após serem picadas”, acrescentou, precisando que, entre elas, estão “cinco jogadores da equipa de futebol do Sobrado, tendo um deles ficado internado uns dias”.

A responsável revelou à Lusa que “há pessoas de todas as idades, inclusive bebés, que foram picadas”.

O aterro é gerido desde 2007 pela Recivalongo, que começou a ser acusada em 2019 de “crime ambiental” pela população, pela Jornada Principal e pela Câmara Municipal após ter sido detetado que detinha “mais de 420 licenças para tratar todo o tipo de resíduos”.

O assunto avançou, entretanto, para os tribunais com ações avançadas por ambas as partes.

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