SAÚDE QUE SE VÊ

Ministra da Saúde diz que listas de espera têm de ficar resolvidas até ao fim do ano

LUSA
20-05-2019 12:17h

A ministra da Saúde disse hoje que “tem de ser possível” até ao final de 2019 resolver o problema das quase 100 mil consultas com mais de um ano de espera, afirmando-o como uma das prioridades atuais.

A ministra sublinhou que a necessidade de resposta a pedidos de consulta, de cirurgia, de atividade assistencial com “um tempo de espera superior àquele que é recomendável e desejável” é uma situação que “muito preocupa” e à qual os serviços estão “profundamente empenhados” em resolver. “Essa é a nossa maior prioridade”, disse Marta Temido aos jornalistas à margem da sessão de apresentação do “Simplex+ Chave Móvel Digital na Saúde”.

Marta Temido comentava desta forma os aumentos dos tempos de espera para cirurgias e primeiras consulta de especialidades nos hospitais, divulgados pela Entidade Reguladora da Saúde (ERS), e a importância dos sistemas de informação para combater estes números.

Marta Temido elucidou que o Serviço Nacional de Saúde faz só em consultas hospitalares 13 milhões por ano. “Portanto, estamos a falar de um número em termos absolutos [99 mil] que sugere que, com um esforço de todos, consigamos ultrapassar este problema. Temos é que ter um grande foco nesse resultado”.

Não são muitos casos, mas são casos que preocupam-nos muito a nós também, e, portanto, é com os hospitais, com as administrações regionais de saúde, que estamos a trabalhar para resolver aquilo que neste momento é o foco de intervenção, que são cerca de 99 mil consultas com mais de um ano de espera e cerca de 21 mil pedidos de cirurgia com mais tempo de espera”, afirmou Temido.
Para a ministra, “tem de ser possível [resolver esta situação], a imagem do Serviço Nacional de Saúde não pode continuar a ser afetada por 99 mil situações que são de portugueses”.

Na sessão, o secretário de Estado Adjunto e da Saúde, Francisco Ramos, apelou às várias instituições de saúde presentes para tomarem nas suas mãos o objetivo de resolver até ao fim do ano todas estas situações. “Queria que tomassem isso nas vossas mãos por duas razões. Por um lado, é importante que encurtemos os tempos de espera, mas também por uma questão de imagem” do SNS, disse, explicando: “Estes tempos de espera demasiados alargados são com demasiada frequência usados para denegrir a nossa imagem e com isso reduzir a imagem que os portugueses têm em nós e isso não é aceitável”. Segundo Francisco Ramos, isto pode ser feito com recurso à melhoria dos sistemas de informação.

A importância destes sistemas “é imensa e os tempos mais recentes têm mostrado isso de forma particularmente clara e, muitas vezes, com alguma confusão no entendimento que provavelmente as pessoas fazem de tudo aquilo que é a questão das listas de espera”, acrescentou Marta Temido, à margem do evento. “Há nos sistemas de informação um aspeto fundamental que é o de facilitar o acesso a determinados serviços, mas há também um aspeto muito relevante, que é o de produzir informação”, adiantou. Mas, por vezes, quando não se integram devidamente os dados ou são sistemas de informação que resultam de introdução em momentos muito diferentes no sistema, ou quando são muito distintos em várias unidades, “há erros, há problemas, há dificuldades”, sublinhou.

A ministra explicou que na área hospitalar há dois sistemas de informação de base para gerir o acesso – o programa Consulta a Tempo e Horas, que foi descontinuado no passado e não tem tido atualizações, o que “gera um conjunto de dificuldades” e o Sistema de Gestão de Inscritos para Cirurgia. Segundo Marta Temido, estes dois sistemas têm de ser substituídos por um sistema mais atualizado que permita ter uma informação contínua sobre o ponto de situação em que está o pedido de cada doente. “Isso é relevante em termos de transparência e de gestão”, vincou.

O Ministério da Saúde indicou na terça-feira à Lusa que há um plano de ação que “pretende que os hospitais tomem medidas concretas que permitam resolver todas as situações em que o tempo médio de espera seja superior a um ano até ao final de 2019”.

“As medidas vão incidir sobre as sete especialidades que, no final de 2018, tinham o maior volume de utentes à espera, os maiores tempos de espera e as maiores percentagens de resposta para além dos tempos máximos de resposta garantidos”, referiu o gabinete da ministra da Saúde numa resposta escrita enviada à Lusa.

MAIS NOTÍCIAS