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Hospital Gaia/Espinho realiza procedimento “pioneiro” de reparação da válvula mitral

LUSA
19-03-2021 16:07h

O Serviço de Cardiologia do Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho (CHVNG/E) realizou esta semana, pela primeira vez a nível mundial, um procedimento de reparação da válvula mitral sem necessidade de cirurgia cardíaca invasiva, foi hoje revelado.

Na prática, os cardiologistas do CHNVG/E repararam a válvula mitral num doente com insuficiência mitral grave através de cateterismo, ou seja sem necessidade de cirurgia cardíaca invasiva, sendo este um procedimento descrito à agência Lusa como “verdadeiramente inovador e pioneiro”.

“O procedimento foi um sucesso e permitiu não só um avanço científico no tratamento dos doentes com esta patologia, mas também a melhoria da qualidade de vida desta doente”, descreve o CHVNG/E.

O hospital garante que a doente recuperou “muito bem”, já se prepara para ter alta clínica, estando “bem-disposta e a melhorar significativamente dos sintomas de insuficiência cardíaca”.

Aliás, a título de curiosidade, fonte deste centro hospitalar que tem unidades em Gaia, distrito do Porto, e em Espinho, no distrito de Aveiro, contou à Lusa que “pouco depois do procedimento a doente estava já a perguntar à equipa médica qual o resultado do jogo Porto-Juventus”.

De forma mais pormenorizada, em causa está uma “anuloplastia completa percutânea”, um procedimento com um dispositivo chamado AMEND que consiste na introdução de um cateter pela virilha que depois vai até ao coração.

Uma vez lá, é implantado um anel à volta da válvula mitral com o objetivo de aproximar os folhetos e melhorar a competência da válvula reduzindo esta insuficiência.

Em declarações à agência Lusa, o diretor do Serviço de Cardiologia do CHVNGE, Ricardo Fontes Carvalho, apontou que este procedimento “mostra como é possível ter excelência de cuidados de saúde e a inovação dentro do Serviço Nacional de Saúde, ao serviço de todos os cidadãos”.

O responsável frisou que o Serviço de Cardiologia do CHVNG/E “mostra uma vez mais o seu papel de pioneiro no tratamento da patologia cardíaca em Portugal” e acrescentou que, mesmo mediante a situação pandémica relacionada com o novo coronavírus, “é possível, manter cuidados de saúde de excelência em Portugal também aos doentes não covid”.

“Isto graças à boa organização, cooperação entre serviços e grande empenho dos profissionais”, destacou Ricardo Fontes Carvalho.

O CHVNG/E conta, ainda, que “uma equipa de apoio de médicos, engenheiros e técnicos voou propositadamente de Israel para cooperar no tratamento desta doente, num exemplo de cooperação internacional e de aposta da investigação e desenvolvimento ao serviço da saúde dos cidadãos”.

O hospital destacou, por fim, que “ao longo dos anos, a cardiologia do CHVNG/E tem tido um papel de destaque a nível europeu e mundial no tratamento da doença cardiovascular, tendo sido pioneira na implementação de várias técnicas de tratamento inovadoras na patologia cardíaca”.

“Com esta nova etapa foi possível oferecer um tratamento inovador a um doente grave e com limitadas opções terapêuticas o que representa, para o futuro, mais uma esperança para o tratamento de todos os doentes com insuficiência cardíaca e regurgitação mitral, de uma forma menos invasiva”, concluiu o CHVNG/E.

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