SAÚDE QUE SE VÊ

COVID-19: “Ao fim de um mês, 25% não tinha anticorpos detetados contra o vírus “- revela estudo serológico a população infetada pelo SARS-COV 2

CANAL S+ / VD
19-03-2021 12:46h

Há quase 1 ano que uma equipa multidisciplinar estuda a “janela imunológica” dos portugueses infetados pelo SARS-COV-2, com o intuito de perceber até que ponto se desenvolve ou não uma imunidade duradoira, como revelou ao Canal S+ a professora Helena Canhão da Universidade Nova de Lisboa.

Segundo a investigadora do CEDOC, que preside à Sociedade Portuguesa de Reumatologia, “ao fim de um mês, 25% não tinha anticorpos detetados contra o vírus”, o que não deixa de ser preocupante, num momento em que ainda persistem mais dúvidas e incertezas do que verdades científicas sobre o comportamento do vírus junto da população humana.

Ao Canal S+, Helena Canhão sublinha que “é muito importante ter um filme e não apenas um retracto da população já infetada com o SARS-COV-2” para percebermos como devemos agir no futuro. A especialista recorda que isso vai permitir dizer se devemos ou não ser vacinados todos os anos, “determinando assim toda a programação de saúde pública”, assinala.

O estudo desenvolvido pela Universidade Nova de Lisboa, pela Ordem dos Médicos e por várias fundações começou em março de 2020 e envolveu cerca de 600 pessoas.

Um dos resultados que sobressai do estudo parece indicar que as pessoas que tiveram covid-19 com maior gravidade clínica, assim como os de maior idade que sobreviveram, desenvolveram mais anticorpos.

Para Helena Canhão, que lidera a unidade de investigação e pesquisa EpiDoC  - especializada em Epidemiologia e Investigação Clínica, - nunca é demais alertar os portugueses para a importância da vacinação, dado que apesar de eventuais receios em resultado do que sucedeu esta semana com a vacina da Astrazeneca, “as vacinas disponíveis em Portugal contra a COVID-19 não são o vírus, como normalmente se pensa, mas sim partículas inertes”, alerta.

A professora da Universidade Nova de Lisboa, que assume a vice-presidência da Liga Portuguesa Contra as Doenças Reumáticas, explica ainda que “os vírus ao contrário das bactérias, precisam de células para sobreviverem” e que por esse motivo “eles morrem se não estiverem num organismo vivo”, afirma a investigadora.

Apesar dos resultados promissores das vacinas, desenvolvidas com base na técnica de RNA-mensageiro, Helena Canhão mostra-se confiante, mas cautelosa.

A presidente da Sociedade Portuguesa de Reumatologia que dirige o Serviço da especialidade no Hospital Curry Cabral, em Lisboa, não esquece o facto das reinfeções por COVID-19 serem muito mais comuns hoje, do que se pensava no início; sobretudo com o aparecimento das novas variantes com maior grau de transmissibilidade.

Para a médica especialista em Reumatologia é fundamental que os portugueses que tenham sido infetados mantenham as medidas de higiene e etiqueta respiratória (como seja, o distanciamento social, o uso da máscara e a higienização regular das mãos) como todos os outros cidadãos que até ao momento não foram infetados.

Enquanto não surge um antiviral que permita tratar a doença COVID-19, a médica reumatologista não se opõe ao uso “off label” (fora da indicação clínica e terapêutica) de outros fármacos, como a ivermectina, que possam ajudar os doentes, sobretudo os que se encontram em perigo de vida.

No estudo serológico da Universidade Nova de Lisboa, da Ordem dos Médicos e de várias fundações, 19% da amostra de 600 pessoas eram assintomáticas e 44% tinham mais de 50 anos.

A amostra foi constituída por 76% de mulheres e 24% de homens. A maioria (42%) reside no sul do país, 36% habita na região Norte e apenas 22% na região Centro.

Da amostra, metade eram profissionais de saúde e um terço utentes e funcionários de lares. Na sua totalidade foram infetados na primeira vaga da pandemia, entre março e abril.

MAIS NOTÍCIAS