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“A crise pandémica teve um efeito desproporcional nos jovens” – afirma investigadora da NOVA/SBE

CANAL S+ / VD
10-03-2021 16:38h

Sem margem para dúvidas, a economista Susana Peralta garante que “a crise pandémica teve um efeito desproporcional nos jovens”.

A professora e investigadora da Universidade NOVA/SBE é uma das co-autoras do relatório “Portugal, balanço Social 2020 – Um retrato do país e dos efeitos da pandemia” em parceria com Bruno P. Carvalho e Mariana Neves.

Entrevista pelo Canal S+, Susana Peralta explica que o documento é uma primeira síntese, com muitas fontes de informação diferentes, para traçar um primeiro esboço do impacto da pandemia na sociedade portuguesa.

O relatório, que conjuga dados desde o início até setembro de 2020, evidencia que os mais afetados pela crise pandémica são determinadas franjas da população, como sejam: os jovens em início de carreira, os profissionais com vínculos precários, trabalhadores independentes, os emigrantes e os que desempenham funções na restauração e no alojamento assim como os empresários em nome individual que tinham em muitos casos pequenos comércios ou negócios.

Ao S+, a economista Susana Peralta recorda que nem todas as atividades económicas são compatíveis com o regime de teletrabalho, pelo que temos muitos portugueses com uma quebra muito acentuada de rendimentos.

Para a investigadora social, “a etapa em que estamos agora é de emergência social” e o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) que o Governo está a preparar com os parceiros sociais não chegará a tempo.

Susana Peralta recorda que “Não sabemos quando é que vai chegar esse dinheiro. O que era preciso era ter esse dinheiro no terreno agora”.

Um outro aspeto que preocupa a economista prende-se com as desigualdades sociais geradas pelo regime de ensino à distância. Susana Peralta lembra que não se trata apenas de garantir o acesso a meios informáticos para os jovens assistirem às aulas remotamente. “Há uma enorme desigualdade. O ensino em casa não recorre apenas a este recurso que são os meios digitais. A presença dos adultos que têm recursos intelectuais que permitem ou não ajudar as crianças faz toda a diferença,” sublinha.

O confinamento imposto pelo governo, em resultado da pandemia da COVID-19, tem provocado outras descompensações sociais, sobretudo ao nível da saúde mental.

A investigadora social, Susana Peralta, afirma que os primeiros dados revelados há dias pelo Hospital D. Estefânia, em Lisboa, uma das instituições pediátricas de referência do país evidenciam “um aumento de 50% de atendimento psiquiátrico a crianças”.

 

O relatório “Portugal, balanço Social” é uma iniciativa da Universidade NOVA/SBE que deverá continuar com uma periodicidade anual para estudar os fenómenos e as dinâmicas sociais dos portugueses no pós-pandemia.

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