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Maioria de direita inviabiliza audições sobre externalização de hemodiálise do BE/Açores

LUSA
10-11-2025 18:47h

Os deputados do PSD, CDS-PP e Chega/Açores votaram hoje contra uma proposta do BE que defendia a audição de várias entidades sobre a externalização do serviço de hemodiálise do Hospital do Divino Espírito Santo (HDES).

O deputado único do BE/Açores, António Lima, que apresentou hoje um requerimento na Comissão dos Assuntos Sociais, pretendia ouvir sobre a matéria, com caráter de urgência, a secretária regional da Saúde e Desporto e a diretora do serviço de Nefrologia do HDES.

A lista contemplava ainda as empresas ARIPA e ANTARES, que realizaram os planos funcionais para a reorganização e redimensionamento do HDES, a par da delegação dos Açores da Associação Portuguesa de Insuficientes Renais (APIR).

Na apresentação da iniciativa, António Lima considerou que a decisão de externalizar uma unidade "com a importância no HDES, da qual dependem centenas de doentes crónicos, não é uma decisão que uma empresa possa tomar”.

“É uma decisão de gestão do HDES e, em última análise, uma decisão política”, referiu.

António Lima afirmou que “não existe na ilha de São Miguel ou nos Açores qualquer unidade de hemodiálise privada com capacidade para o número de doentes com insuficiência renal e para os doentes visitantes”.

De acordo com o parlamentar, a empresa Medifarma José Horácio Rego Sousa, Lda tem um projeto designado por “Centro de Cuidados Renais” a instalar no Tecnoparque da Lagoa, tendo já a Câmara Municipal aprovado uma candidatura ao programa “Lagoa Investe”.

Acresce que a Medifarma “é alegadamente propriedade de familiar direto da atual presidente do conselho de administração do HDES”, segundo o deputado.

A 21 de outubro, a secretária regional da Saúde e Segurança Social, após um encontro com a presença do presidente do Governo dos Açores, José Manuel Bolieiro, com a delegação regional da APIR - Associação Portuguesa de Insuficientes Renais, no Palácio de Sant’Ana, em Ponta Delgada, admitiu que será necessário a externalização da hemodiálise, mas ressalvou que não será no imediato, “naturalmente fazendo parte do plano futuro do HDES”.

O presidente da delegação dos Açores da APIR, Osório Meneses da Silva, também em declarações aos jornalistas, reiterou na altura que “as condições que existem no serviço de hemodiálise do HDES”, em termos de instalações, não são as adequadas, numa altura em que tem “aumentado cada vez mais o número de doentes insuficientes renais nos Açores”, de forma “particular na ilha de São Miguel”.

Osório Silva saiu da reunião com a convicção de que, no futuro, "de facto, não vai haver por parte do HDES capacidade para dar uma resposta eficaz ao nível do serviço de hemodiálise”, havendo a necessidade de “externalizar o serviço”.

Nos Açores existem cerca de 400 doentes que fazem hemodiálise, segundo a delegação regional da Associação Portuguesa de Insuficientes Renais.

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