A Federação Europeia dos Enfermeiros em Diabetes divulgou um estudo europeu, com o intuito de avaliar o impacto da pandemia nos doentes diabéticos. “Os resultados são preocupantes (...) vemos muitos aspetos de ansiedade e depressão, medo e falta de acompanhamento tradicional “, como adiantou ao Canal S+, João Filipe Raposo, Diretor Clínico da Associação Protectora dos Diabéticos de Portugal (APDP).
O estudo, realizado em 27 países entre os quais Portugal, envolveu 1.829 enfermeiros especialistas em diabetes revela “um grande acréscimo em problemas clínicos, como seja ansiedade (82%), diabetes (65%), depressão (49%), hiperglicemia aguda (39%) e complicações nos pés (18%).
João Filipe Raposo, que preside também à Sociedade Portuguesa de Diabetologia, sublinha que apesar de todos os esforços da APDP e dos seus profissionais, sobretudo durante os períodos de confinamento, o rastreio bem como o acompanhamento tradicional a que os doentes estão habituados são difíceis de replicar à distância.
Perante os resultados deste primeiro estudo de impacto da COVID-19 sobre os doentes europeus com diabetes, João Filipe Raposo adianta que apesar de ser evidente que a pandemia tem vindo a prejudicar as rotinas dos doentes, “a comunicação inicial que foi feita levou as pessoas a aderirem melhor ao tratamento. (…) Fizeram um grande esforço para, no caso de terem infeção, estarem o melhor possível”, revela o especialista e diretor clínico da APDP.
Em Portugal, os maiores problemas, garante o também presidente da Sociedade Portuguesa de Diabetologia, surgiram nos “últimos seis meses, com os doentes a começarem a referir excesso de peso e glicemias mais altas”.
Sendo a associação de diabéticos mais antiga do mundo, a APDP enfrentou o desafio da pandemia da COVID-19 com a resiliência que a caracteriza. Ao Canal S+, João Filipe Raposo garante que “tentamos manter todos os serviços a funcionar”.
O diretor clínico da APDP explica que “fomos adaptando estratégias passo a passo (…) e apesar de termos interrompido, por exemplo, o programa de rastreio de retinopatia, fomos dos primeiros a retomar”, assegura.
A diabetes afeta mais de um milhão de portugueses que precisam de apoio continuado e interdisciplinar.
Durante os períodos de confinamento por causa da pandemia, a APDP recorreu à telemedicina para as consultas de seguimento e realizou consultas presenciais para o pé e de oftalmologia.
João Filipe Raposo, que é também professor auxiliar na Nova Medical School, lamenta que a pandemia tenha vindo agravar as desigualdades no acesso aos cuidados de saúde que, em todo o continente europeu, estão focados em lutar contra a COVID-19.
Em funcionamento das 09h00 às 17h00 (incluindo fins de semana e feriados), a APDP mantém a Linha de Apoio em Diabetes (21 381 61 61) com o objetivo de dar aconselhamento especializado às pessoas que sofrem da doença.