SAÚDE QUE SE VÊ

Vírus: São Tomé instala vigilância no aeroporto e cria espaço de isolamento hospitalar

LUSA
29-01-2020 18:40h

O Governo são-tomense anunciou hoje a instalação no aeroporto de uma unidade de "vigilância" e um espaço de isolamento no principal hospital do país para "gestão de possíveis casos de coronavírus".

Num comunicado lido à imprensa pelo diretor-geral do Centro Nacional de Endemias, o Ministério da Saúde está "a acompanhar minuciosamente o surto de coronavírus no mundo, seguindo diariamente a situação que vem sendo divulgada pela Organização Mundial da Saúde (OMS)".

O Ministério da Saúde de São Tomé e Príncipe garante que "não tem registos de casos suspeitos" no país.

"Se houver casos suspeitos, existe um sistema de colheita de amostras, a fim de serem enviados para testagem no exterior, com apoio da OMS", diz Carlos Bandeira de Almeida, diretor-geral do Centro Nacional de Endemias.

O responsável referiu ainda que São Tomé está a "desenvolver um conjunto de ações de prevenção", incluindo o "seguimento diário e minucioso da situação junto da OMS".

Em relação a cada caso novo de coronavírus notificado em algum país no mundo, "é feita uma análise em termos de potencial risco para São Tomé e Príncipe", explicou.

O Ministério da Saúde recomenda ainda que caso haja cidadãos que "tenham viajado para algum dos lugares afetados, devem informar as autoridades de saúde à chegada".

Hoje, a ministra dos Negócios Estrangeiros, Cooperação e Comunidades, Elsa Pinto afirmou que, até agora, não há qualquer informação de que algum estudante são-tomenses na China tenha contraído o vírus.

"Temos 17 estudantes nesta cidade [Wuhan, foco da infeção], a senhora embaixadora acreditada junto ao Estado chinês mandou-nos uma nota informativa sobre a questão", explicou Elsa Pinto.

"Estamos a seguir muito atentamente a questão, sabemos que determinados países estão a retirar os seus cidadãos, mas também há uma outra obrigação, uma outra ordem que diz que ninguém mais pode sair nem entrar na cidade", acrescentou a governante.

São Tomé e Príncipe tem atualmente na China 167 estudantes, 17 dos quais se encontram na cidade mais afetada pelo coronavírus.

A China elevou para 132 mortos e mais de 5.900 infetados o balanço de vítimas do novo coronavírus detetado no final do ano em Wuhan, capital da província de Hubei (centro).

Além do território continental da China, foram reportados casos de infeção em Macau, Hong Kong, Taiwan, Tailândia, Japão, Coreia do Sul, Estados Unidos, Singapura, Vietname, Nepal, Malásia, Austrália, Canadá, Alemanha, França e Emirados Árabes Unidos.

A região de Wuhan encontra-se em regime de quarentena, situação que afeta 56 milhões de pessoas.

Vários países já começaram o repatriamento de cidadãos de Wuhan, cidade que foi colocada sob quarentena, na semana passada, com saídas e entradas interditadas pelas autoridades durante um período indefinido, e diversos companhias suspenderam as ligações aéreas com a China.

A União Europeia (UE) envia hoje o primeiro de dois aviões à região chinesa de Wuhan para repatriar 250 franceses e outros 100 cidadãos europeus que o solicitem, "independentemente da nacionalidade". O Governo português já anunciou que quer retirar por via aérea os portugueses retidos em Wuhan.

Outros países, como Estados Unidos e Japão também já iniciaram operações de repatriamento de cidadãos.

A doença foi identificada como um novo tipo de coronavírus, semelhante à pneumonia atípica, ou Síndrome Respiratória Aguda Grave, que entre 2002 e 2003 matou 650 pessoas na China continental e em Hong Kong.

As autoridades chinesas admitiram que a capacidade de propagação do vírus se reforçou.

As pessoas infetadas podem transmitir a doença durante o período de incubação, que varia entre um dia e duas semanas, sem que o vírus seja detetado.

MAIS NOTÍCIAS