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Covid-19: Operação logística da vacinação será “mais robusta” e centralizada

LUSA
03-12-2020 17:36h

A operação logística da vacinação contra a covid-19 vai ser “mais robusta” e centralizada do que habitualmente, funcionando numa “lógica de comando e controlo”, explicou hoje o coordenador da ‘task-force’ responsável pelo plano.

"Em termos de logística, está a ser preparada uma operação mais robusta do que é habitual", afirmou Francisco Ramos durante a apresentação da versão preliminar do Plano de Vacinação de Combate à covid-19, que decorreu hoje no Infarmed, em Lisboa.

A vacinação contra a gripe, por exemplo, ocorre num processo descentralizado, regionalizado e próximo dos locais de vacinação.

Ao contrário, no caso da vacina contra a covid-19, esta nova operação será centralizada, naquilo que o coordenador descreveu como "uma lógica de comando e controlo".

“Vamos manter, certamente, a colaboração de todas essas entidades [que habitualmente estão envolvidas na vacinação], mas devido aos ‘timings’ e à relevância de todo este processo a proposta é que haja um comando central no Ministério da Saúde, naturalmente com a direção técnica a cargo da Direção-Geral da Saúde”, explicou.

Segundo Francisco Ramos, a ‘task-force’ vai apoiar também essa gestão, através da colaboração das Forças Armadas, das forças de segurança e dos serviços de inteligência.

“O que estamos a fazer é, exatamente, a delinear todas as operações com o detalhe que for possível e desejável para termos a garantia que quando houver vacina saibamos exatamente o que vai acontecer, desde a sua entrega a Portugal até ao local de administração dessas vacinas”, acrescentou.

Portugal vai comprar mais de 22 milhões de doses de vacinas contra a covid-19, no âmbito dos acordos entre seis farmacêuticas e a União Europeia, o que representa um custo de 200 milhões de euros.

Com a farmacêutica Astrazeneca estão contratualizadas 300 milhões de doses, 6,9 milhões para Portugal, que tem também já garantidas cerca de 4,5 milhões de doses da Johnson & Johnson's, 4,5 milhões da Pfizer/BioNTech e 1,8 milhões da Moderna.

A União Europeia já assinou também acordos com a farmacêutica Sanofi, da qual vai receber 300 milhões de doses, e com a CureVac para 225 milhões de doses, mas destas as doses para Portugal ainda não estão definidas, recordou por seu lado o presidente do Infarmed, Rui Ivo.

Durante a apresentação, Rui Ivo falou também sobre algumas questões metodológicas do processo de avaliação e aprovação das vacinas, referindo que apesar de o processo ter sido encurtado e acelerado, o nível de exigência da Agência Europeia do Medicamento não ficou comprometido.

“Esta avaliação implica que após a verificação de que os dados que estão disponíveis são suficientes para podermos concluir sobre a segurança, a eficácia e a qualidade das vacinas”, explicou, acrescendo que ainda assim vão ser criados mecanismos de monitorização contínua da utilização das vacinas.

Rui Ivo transmitia assim uma mensagem de confiança, que foi também acompanhada pelo coordenador da ‘task-force’, que sublinhou a importância da comunicação para gerar confiança na população em relação às novas vacinas.

Francisco Ramos referiu ainda que é preciso compreender que o plano de vacinação hoje apresentado foi desenvolvido ainda num cenário de incerteza e, por isso, terá de ser permanentemente atualizado, de acordo com os últimos dados que forem surgindo.

A pandemia de covid-19 provocou pelo menos 1.495.205 mortos resultantes de mais de 64,5 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

Em Portugal, morreram 4.724 pessoas dos 307.618 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.

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