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Cientistas adaptam investigação aos novos riscos dos incêndios

LUSA
17-01-2020 12:53h

As alterações climáticas têm levado os cientistas a ajustar a estratégia de investigação dos incêndios em resposta aos novos riscos à escala global, disse hoje à agência Lusa a responsável de um projeto europeu nesta área.

“Temos de adaptar as nossas estratégias e os nossos métodos de análise”, afirmou a espanhola Elsa Pastor, coordenadora do projeto ECHO WUIVIEW – Wildland-Urban Interface Virtual Essays Workbench, que envolve instituições científicas de Portugal, Espanha, Itália, Suécia e França.

A professora da Universidade Politécnica da Catalunha (UPC), de Barcelona (Espanha), falava em Coimbra no início do primeiro encontro público daquelas entidades, organizado pela Associação para o Desenvolvimento da Aerodinâmica Industrial (ADAI) no âmbito do WUIVIEW, financiado pelo programa ECHO da União Europeia (UE).

A docente salientou a necessidade de desenvolver “novas metodologias de análise de risco”, a fim de promover "boas práticas de autoproteção” das pessoas.

O encontro internacional decorre ao longo do dia, no auditório principal da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (UC), no Pólo II da UC, e está focado em “aspetos relacionados com os incêndios em cenários de microescala de interface urbano-florestal”.

“São analisados casos recentes de incêndios na interface urbano-florestal em diferentes países europeus, bem como aspetos relacionados com o perigo de incêndio apresentado pelos combustíveis naturais e artificiais que usualmente se encontram junto das edificações”, segundo a ADAI.

Elsa Pastor deu o exemplo atual dos grandes incêndios na Austrália, salientando que as mudanças climáticas começaram nos últimos anos a ter impactos também no Norte da Europa, com os fogos a causarem “problemas muito sérios” em países como a Suécia, que participa neste projeto científico.

“Estamos num cenário de mudança climática”, que tem efeitos “sem precedentes” à escala global, com incêndios e outras calamidades, sublinhou.

Miguel Almeida, da ADAI, enfatizou igualmente que, através do programa ECHO – Mecanismo Europeu de Proteção Civil e Operações de Ajuda Humanitária, a UE quer dar resposta legislativa e no domínio das boas práticas à “migração do risco de incêndio para os países nórdicos”.

“A Europa está cada vez mais preocupada, já que os fogos não estão limitados aos países do sul. O primeiro grande incêndio na Suécia foi em 2014”, referiu.

As instituições científicas envolvidas no projeto estão empenhadas “num resultado único e concertado” que ajude a União Europeia a “definir determinadas políticas e normas” que façam frente aos novos problemas dos incêndios, acrescentou o investigador de Coimbra.

O projeto ECHO WUIVIEW decorre durante dois anos, terminando em fevereiro de 2021.

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