A criação de mais vagas nos cursos de medicina existentes no país ou mesmo a abertura de novos cursos é uma polémica antiga que continua a agitar as águas entre a classe médica e o agora Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor.
Se por um lado o Conselho de Escolas Médicas (CEM), presidido pelo professor Fausto Pinto, tem vindo a recusar o aumento do número de vagas nos cursos de medicina existentes por entender que para isso acontecer é necessário reforçar os meios dos cursos que estão a funcionar; por outro surge Manuel Heitor, que tem a seu cargo a tutela da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, para quem é fundamental aumentar a oferta de profissionais de saúde e diferenciar os cursos.
Em reação a tudo isto, Miguel Guimarães chumba a actuação do Ministro da Ciência, afirmando que “no caso das faculdades, acho que o ministro da ciência esteve muito mal”.
O bastonário da Ordem dos Médicos recorda que para se “abrir um novo curso de medicina, é preciso ter um hospital parceiro, capaz de disponibilizar acesso aos alunos às várias especialidades médicas”. O Bastonário menciona o caso de Itália onde foi seguida a mesma “lógica” e muitos médicos acabaram indiferenciados (sem acesso à especialidade) a “conduzir táxis”.
Miguel Guimarães lembra ainda que Portugal não tem falta de médicos. Pelo contrário “somos um país formador de médicos. Estamos no top cinco dos países europeus com mais estudantes de medicina per capita e o terceiro país da OCDE com mais médicos por número de habitantes”, relembra.
O bastonário da Ordem dos Médicos garante ainda que “onde faltam médicos é no Serviço Nacional de Saúde (SNS) e para corrigir isso é preciso vontade política e estímulos”, atesta.
Dados oficiais avançados pela Ordem dos Médicos revelam que apenas 52% dos médicos, no activo, se encontram neste momento, a trabalhar no Serviço Nacional de Saúde (SNS).
Um elemento “perturbador” para Miguel Guimarães que admite já ter abordado o assunto diversas vezes com a tutela, procurando sensibilizar o gabinete de Marta Temido para a necessidade de criar condições de fixação dos médicos e outros profissionais de saúde no SNS. “É esse o grande desafio, a grande arte que a nossa ministra Marta Temido tem de ter para ultrapassar o problema”, afirma o bastonário da Ordem dos Médicos.
No final do mês passado, Manuel Heitor, Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior afirmou em declarações à Agência Lusa, perante a recusa do Conselho de Escolas Médicas (CEM) em abrir mais 200 vagas nos cursos de Medicina que: “Isto é uma mensagem claríssima que a abertura e a diversificação do ensino da Medicina deve ser feita através de novas ofertas por outras instituições, públicas e privadas”.
A Universidade Católica, na dependência da Conferência Episcopal Portuguesa, tem vindo a submeter vários pedidos de acreditação, nos últimos dois anos, para abertura de um curso de Medicina. Uma candidatura que nunca mereceu luz verde por parte da Ordem dos Médicos.