SAÚDE QUE SE VÊ

“Os comportamentos dos jovens são um “haraquíri social”, Fernando Maltez, diretor de Infecciologia do Hospital Curry Cabral

CANAL S+ / VD
26-06-2020 22:57h

Com o número de casos de COVID-19 a subir na região de Lisboa e Vale do Tejo, o professor de infecciologia garante, em entrevista ao Canal S+, que as festas clandestinas, as concentrações de mais de 10 pessoas e o não cumprimento do distanciamento social e do uso da máscara podem conduzir muito rapidamente ao descalabro.

Se no início, eram os mais velhos que tinham uma forte resistência em usar máscara, neste momento a preocupação reside sobretudo “nos jovens a quem foi dito que estariam mais protegidos dos efeitos da doença”, lembra Fernando Maltez. O chefe de serviço de infecciologia do Hospital Curry Cabral, um dos hospitais dedicados à COVID-19, está convencido que o desconfinamento devia ter acontecido “de forma mais gradual e lenta e com uma monitorização de 15 em 15 dias”, de acordo com o ciclo natural da doença.

O professor de infecciologia congratula-se com as recentes medidas de contraordenação decretadas pelo governo para a população infratora, deixando claro que “penalizar é muito importante” porque “se não levarmos isto a sério, corremos o risco de ficar descontrolado”, assegura o especialista para quem o mais importante na fase em que nos encontramos é “testar, testar, sobretudo quando surge um surto”, não perdendo de vista que o mais importante é “cortar as cadeias de transmissão”. 

Fernando Maltez garante ainda ao S+ que o serviço de infecciologia do Curry Cabral esteve “quase cheio há duas semanas, mas agora estamos confortáveis”. O professor assegura que a unidade preparou-se “de forma atempada para a fase de contenção e depois de mitigação. Criamos condições de natureza física, humana e de materiais” e mesmo que a situação se agrave no que respeita à ocupação de camas de internamento hospitalar, o Hospital Curry Cabral dispõe de mais recursos, como é o caso do hospital de campanha oferecido pela comunidade.

O diretor da Unidade de Infecciologia do Hospital Curry Cabral mostra-se ainda satisfeito com a criação de um protocolo entre a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARS) e o Estado Maior-General das Forças Armadas (EMFA) para a criação do Centro de Apoio Militar (CAM) COVID -19 que irá receber doentes com evolução clínica positiva e em fase final de tratamento.

O último boletim divulgado pela Direção Geral de Saúde (DGS) dava conta de 1555 mortos, 457 dos quais na região de Lisboa e vale do Tejo, 816 na região Norte e 248 na região centro. O número de infectados situa-se nos 40 mil 866 dos quais 26 mil 663 encontram-se recuperados.

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