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Covid:19- “O empobrecimento vai refletir-se em pobreza infantil”, alerta presidente-executiva do Instituto de Apoio à Criança

CANAL S+ / VD
12-06-2020 23:37h

No dia mundial contra o trabalho infantil, Dulce Rocha em entrevista ao Canal S+, garante que, agora mais do que nunca, é urgente e imperioso que as crianças sejam protegidas.

A presidente do Instituto de Apoio à Criança (IAC) garante que em caso de pobreza e miséria das famílias, são sempre as crianças as primeiras a sofrer.

“Todos os dias ouvimos notícias que nos dão conta de desemprego e de empresas que encerram as portas. Isso vai acontecer… Está a acontecer já no nosso país, em várias áreas e sectores”, constata a antiga Presidente da Comissão Nacional de Proteção das Crianças e Jovens em Risco, que também desempenhou funções no Tribunal de Menores de Lisboa.

A única solução para a presidente-executiva do IAC passa por combater a pobreza e a exclusão social através da escola. Dulce Rocha não tem dúvidas que estamos perante o único “elevador social”, capaz de dirimir as trincheiras que a pandemia da COVID-19 seguramente criou no país e nos seus vários estratos socioeconómicos e sociais.

Dulce Rocha que chegou a desempenhar funções como procuradora da república advoga ainda que é importante recuperar os jovens adolescentes que abandonaram a escola, durante o período de confinamento social, para que possam retomar os estudos e obter as devidas qualificações académicas. A responsável salienta que é possível “chamar até nós estes jovens” mas de uma forma diferente, mais informal e ajustada ao seu perfil.

Nos últimos vinte anos, Portugal conseguiu reduzir de forma muito acentuada os números do trabalho infantil através de fortes campanhas de sensibilização por um lado e de fiscalização por outro.

No dia mundial contra o trabalho infantil, a Organização Mundial do Trabalho (OMT) e a UNICEF divulgaram um relatório conjunto intitulado "A covid-19 e trabalho infantil: num tempo de crise, é tempo de agir". O documento revela que as crianças que já eram obrigadas a trabalhar correm o risco de o fazer mais horas e em piores condições, "o que provoca danos significativos para a saúde e segurança".

Os dois organismos estimam que 152 milhões de crianças trabalhem em todo o mundo, sendo que 72 milhões o fazem em trabalhos considerados perigosos. 90% vivem em África, na Ásia e na região do Pacífico. A Europa é responsável por 11 milhões, a Ásia Central por 6 milhões de crianças trabalhadoras e os Estados Árabes por 1 milhão.

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