SAÚDE QUE SE VÊ

“É impensável termos uma vacina no mercado antes da Primavera de 2021.”

Canal S+ / TB
25-05-2020 14:59h

Do lado da ciência, não há dúvidas: Será, na melhor das hipóteses, no segundo trimestre do próximo ano que a vacina para a COVID-19 chegará ao mercado. A Presidente da EUPATI Portugal, Elsa Mateus, admite ao Canal S+ que a pandemia trouxe constrangimentos aos ensaios clínicos mas que a capacidade de adaptação permitiu dar-lhes seguimento sem interrupções, e com maior foco no doente.

O novo coronavírus e a crise sanitária que originou implicaram constrangimentos em todas as áreas de atividade. Os ensaios clínicos, cujo Dia Internacional se assinalou a 20 de maio, não foram exceção. Falámos com Elsa Mateus, responsável máxima em Portugal da EUPATI, entidade que procura aproximar cidadãos e doentes dos processos de investigação e desenvolvimento de fármacos, sobre os efeitos da crise nesta área em particular.

De acordo com esta investigadora, esse impacto sentiu-se no adiamento dos prazos, seguindo-se a suspensão dos processos de recrutamento e as fortes restrições de acesso aos centros de ensaio, para além de uma menor disponibilidade dos médicos.
Em contrapartida, assegura, foi possível dar continuidade a todos os ensaios clínicos em curso através de uma série de medidas como a entrega dos medicamentos experimentais ao domicílio, as teleconsultas e a monitorização à distância.

E como estes momentos têm implicado muitas vezes uma reinvenção das equipas e da sua forma de trabalhar, os investigadores estão, segundo Elsa Mateus, a repensar mecanismos e a acelerar a promoção da digitalização dos ensaios clínicos e uma maior literacia para a saúde digital. O objetivo é tornar todo o processo mais ágil e mais focado no doente

 

O papel dos ensaios clínicos no combate à COVID-19

O objetivo de encontrar uma vacina para o novo coronavírus tem dado origem a diversos ensaios clínicos a nível internacional. No seguimento da e-conference promovida pelo INFARMED e pela EUPATI Portugal no passado dia 20 de maio, Elsa Mateus destaca um ensaio que está a ser promovido pela Organização Mundial de Saúde e no qual Portugal vai participar, denominado Solidarity Trial, e enfatiza a importância dos ensaios clínicos não apenas na descoberta de vacinas ou medicamentos, mas também na possível aplicação de fármacos já existentes em doenças novas.

Apesar do envolvimento de entidades e investigadores de todo o mundo na missão de fazer chegar a vacina às populações, é dado assente entre a comunidade científica que é irrealista que tal aconteça antes da Primavera de 2021. De acordo com a responsável da EUPATI em Portugal, esse será o período de tempo necessário para que sejam cumpridos o rigor e a segurança necessários no processo, comprovada a evidência dos efeitos da vacina, e dada a necessária aprovação da Agência Europeia do Medicamento e das respetivas autoridades nacionais. Finalmente, a vacina terá ainda de ser produzida massivamente à escala global.

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