SAÚDE QUE SE VÊ

Federação mundial apela a todos os países para maior investimento na saúde mental

LUSA
06-12-2019 13:43h

A presidente da Federação Mundial para a Saúde Mental apelou hoje a um maior investimento dos Governos mundiais para consciencializar e formar pessoas, de forma a quebrar o estigma relativo a estas doenças e ajudar a recuperar dos pacientes.

Em declarações à Lusa, à margem do I Congresso Recovery Portugal, a decorrer hoje e no sábado em Barcelos, Ingrid Daniels lançou um apelo mundial e destacou a componente da recuperação dos pacientes e também as “estatísticas assustadoras a nível mundial”.

“Estamos a pedir a todos os países para investirem na saúde mental. Nos países ricos, metade da população que tem transtornos ou doenças mentais não tem acesso a cuidados de saúde mental. Nos países pobres ou em desenvolvimento, a estatística ainda é mais assustadora, são cerca de 75% a 85%”, revelou.

Segundo a especialista, cerca de “4% dos orçamentos de saúde são gastos em saúde mental”, sendo que a maior parte desse dinheiro é gasto “em funcionários empregados pelo Estado, serviços ou instituições” e muito pouco “se traduz em modelos com intervenções focadas na recuperação, tal como a reabilitação psicossocial”.

Este apelo à ação surge numa altura e quem há “um maior aumento na prevalência [de doenças mentais] em todo o mundo”, particularmente nos jovens, visto que a “principal causa de morte em jovens até aos 29 anos é o suicídio”, que vitima cerca de “um milhão de pessoas por ano”, problema que considera poder ser evitado com novas abordagens.

Um desses novos métodos é “reconhecer que há muitas causas para que as pessoas tenham uma doença ou transtorno mental”, porque que há “uma componente de determinantes sociais”, como por exemplo “as pessoas que vivem em pobreza são mais propensas a terem doenças mentais e quem tem uma doença mental está mais propenso a viver em pobreza”.

Outra das inovações passa pela combinação de intervenções biomédicas - com recurso a tratamentos - com intervenções psicossociais - como grupos de apoio focados no trabalho, atividades sociais e vida familiar, defendeu.

A presidente da Federação Mundial para a Saúde Mental considerou ainda que nenhuma pessoa está imune a estas doenças.

“Falamos à vontade sobre a nossa saúde física, gripes e constipações, mas não falamos dos assuntos na nossa vida que nos causam um stress insuperável, que leva à depressão”, alertou.

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