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Covid-19: Parlamento espanhol autoriza prolongamento do estado de emergência até 09 de maio (ATUALIZADA)

LUSA
22-04-2020 20:31h

O parlamento espanhol aprovou hoje o prolongamento por mais duas semanas, até 09 de maio, do estado de emergência em vigor desde 15 de março no país, com o objetivo de lutar contra o novo coronavírus.

Numa votação em que a maioria dos membros da assembleia participou a partir de casa, por meios telemáticos, 269 deputados, num total de 350, votaram a favor da proposta feita pelo Governo de coligação minoritário liderado pelo socialista Pedro Sánchez.

O primeiro-ministro espanhol teve um pouco menos de apoios do que há quinze dias atrás, quando pediu pela segunda vez a dilatação do Estado de emergência.

Na votação de hoje, abstiveram-se pequenas formações regionais – ERC (independentistas catalães), EH Bildu (independentistas bascos) e BNG (nacionalistas galegos) -, enquanto votaram contra Vox (extrema-direita), JxCat (independentistas catalães) e a CUP (independentistas catalães).

Pedro Sánchez defendeu durante o debate que antecedeu a votação que a continuação do estado de emergência é essencial, porque o desmantelamento “lento e gradual” das medidas adotadas para combater o coronavírus só deverá ser iniciado a partir da segunda quinzena de maio, esperando que até lá se evitem os passos em falso.

O líder da principal formação da oposição, Pablo Casado do Partido Popular (direita), confirmou logo de manhã que iria apoiar a terceira prorrogação do estado de exceção, mas instou, num discurso cheio de críticas à gestão do executivo socialista, que Sánchez tinha de governar "com firmeza e determinação", para resolver a crise e "aproveitar" estes próximos quinze dias, porque "a paciência dos espanhóis também tem um limite".

Pablo Casado acusou o chefe do executivo de ter pecado por "incompetência" e não de "prudência" quando retificou, na terça-feira, as medidas de alívio do confinamento que vão permitir que os menores até os 14 anos de idade possam sair à rua para passear a partir de 26 de abril, um tema muito presente em todo o debate.

O Governo espanhol acabou por retificar a medida que tinha anunciado inicialmente, que apenas permitia que os menores saíssem para acompanhar um adulto ao supermercado, à farmácia ou ao banco, e que provou uma onda de críticas por parte dos partidos políticos, dos presidentes regionais e mesmo um pedido de retificação do Unidas Podemos, o parceiro de extrema-esquerda no Governo liderado pelo PSOE (socialistas).

Pedro Sánchez disse que o Governo terá, muito provavelmente, de voltar a ter de fazer "retificações" durante as próximas semanas, porque o coronavírus é apenas "a ponta do icebergue", mostrando-se convencido de que tomará decisões que poderá vir a reverter posteriormente, o que não é "um sintoma de desgoverno".

O chefe do executivo espanhol disse que o seu objetivo no controlo da propagação da covid-19 é enfrentar a doença com "humildade", uma vez que o que está em causa é garantir a saúde pública e, portanto, a vida dos cidadãos.

O líder da oposição também questionou Pedro Sánchez sobre como era possível Portugal, mesmo ao lado, ter apenas 700 vítimas mortais e Espanha mais de 20.000, devido à covid-19.

“Como é possível que Portugal tenha tido [apenas] 700 vítimas mortais e nós mais de 20.000, se partilhamos uma fronteira comum?”, perguntou Casado a Sánchez durante o debate parlamentar.

A alusão a Portugal não foi a única feita, tendo a líder parlamentar do PSOE (Partido Socialista Operário Espanhol), Adriana Lastra, mencionado a carta em que o líder da oposição portuguesa, Rui Rio, do PSD, enviou aos militantes a reiterar a atitude de colaboração que defendia com o Governo socialista.

Portugal registou até agora 785 mortos associados à covid-19, enquanto a Espanha 21.717, segundo dados oficiais divulgados hoje pelas respetivas autoridades sanitárias.

Espanha tem cerca de 45 milhões de habitantes, enquanto Portugal cerca de 10, uma diferença que, mesmo assim, não esconde a grande diferença de óbitos verificada em cada um dos países.

Espanha é o segundo país com mais mortos com a pandemia por cada milhão de habitantes (464 óbitos), depois da Bélgica (540) e antes da Itália (415) e França (327), numa lista em que os Estados Unidos têm 140 e Portugal 77.

Espanha é um dos países mais atingidos pela pandemia de covid-19 que a nível global, segundo um balanço da AFP, já provocou cerca de 179 mil mortos e infetou mais de 2,5 milhões de pessoas em 193 países e territórios.

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