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Pelo menos 14 pessoas mortas em confrontos com forças de segurança na RDCongo

LUSA
22-04-2020 20:23h

Pelo menos 14 pessoas foram mortas hoje em confrontos entre forças de segurança e rebeldes no sudoeste da República Democrática do Congo (RDCongo), perto de uma estrada vital para o abastecimento à capital, informaram fontes oficiais.

"Há atualmente 14 mortos e três feridos graves", disse Lievain Mayala, funcionário da Direção-Geral das Migrações (DGM) sobre os confrontos, provocados por seguidores da seita Bundu Dia Kongo (BDK) em Songololo, ao longo da EN1, entre Kinshasa, a capital, com 10 milhões de habitantes, e os seus únicos portos comerciais, Matadi e Boma.

Entre as vítimas contam-se dois polícias, de acordo com a mesma fonte.

A violência começou durante a noite, quando as forças de segurança apanharam seguidores da BDK "a preparar um golpe para matar o administrador do território", segundo a fonte da DGM, que controla o tráfego de passageiros entre Kinshasa e Matadi.

Do mesmo modo, a BDK visou também os "não originários" do Congo Central, ou seja, os habitantes de outras províncias da RDCongo.

"Ao aperceber-se da situação, a população de Songololo foi atear fogo à igreja da BDK. Neste momento, a calma regressou, mas é relativa, porque a população teme represálias dos elementos da BDK, alguns dos quais fugiram para a floresta", de acordo com o agente da DGM.

Este é o terceiro episódio de violência em poucos dias junto da Estrada Nacional 1, com cerca de 350 quilómetros de extensão, entre Kinshasa e Matadi.

A coberto do anonimato, um funcionário provincial da Agência Nacional de Informações (ANR) manifestou a sua preocupação com um possível bloqueio da estrada Kinshasa/Matadi por parte dos seguidores da BDK.

Em 24 de março, o Presidente da República, Félix Tshisekedi, decretou o isolamento de Kinshasa para impedir a propagação da pandemia provocada pelo novo coronavírus a outras províncias, com exceção do transporte de mercadorias.

Sob as ordens do seu líder, o antigo deputado Ne Muanda Nsemi, da seita BDK afirma querer reconstituir o reino do Kongo, tal como existia no século XV, antes da colonização, de Angola ao Gabão.

Dois confrontos anteriores, entre seguidores da seita e a polícia, ao longo da EN1, deixaram num deles seis pessoas mortas e no outro quatro, em meados de abril.

No final de março, a polícia tinha dispersado em Kinshasa uma reunião da BDK que violava a proibição de qualquer reunião pública de mais de 20 pessoas, outra das medidas impostas pelo "estado de emergência sanitária" decretado pelo Presidente do país contra a covid-19.

Na RDCongo existem até agora 359 casos confirmados de infeção pelo novo coronavírus, dos quais 347 em Kinshasa, onde se registaram já 25 vítimas mortais.

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