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Covid-19: Maior partido da oposição cabo-verdiana defende alargamento de testes

LUSA
22-04-2020 14:54h

O maior partido da oposição cabo-verdiana (PAICV) defendeu hoje, no parlamento, o alargamento da realização de testes, considerando que isso permitiria comprovar a verdadeira situação do novo coronavírus no país e tomar as medidas que se impõem.

“No âmbito estritamente sanitário devemos discutir com toda a serenidade e tranquilidade a questão da aplicação dos testes para comprovar a verdadeira situação do país e podermos tomar as medidas que se impõem”, defendeu no parlamento o líder parlamentar do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV).

No arranque da primeira sessão ordinária de abril, no debate com o Governo sobre a crise provocada pela pandemia de covid-19, impactos e as suas perspetivas em Cabo Verde, Rui Semedo sugeriu um leque de testes “mais alargado”, tal como em outros países.

“Se o país não dispõe de número suficiente de testes, compreende-se, mas, mesmo assim, deve procurar-se, através de recursos próprios, dos organismos internacionais ou de cooperação bilateral mobilizar os meios necessários para se avançar com esta medida”, prosseguiu o deputado do maior partido da oposição, considerando que o mesmo pode ser utilizado em relação às máscaras, como mais uma medida para impedir a propagação do vírus.

O presidente do grupo parlamentar do PAICV notou que as medidas tomadas pelo Governo foram “ajustadas” à situação do país, mas apontou “falhas e erros” cometidos na sua implementação.

Para o político, essas falhas parecem “pôr em causa a estratégia inicial e, o que parecia estar sob controlo, rapidamente escapou das mãos, fazendo aumentar o número de testes positivos, particularmente em Santiago e na Boa Vista”.

“Passámos para a fase de transmissão comunitária e, segundo as autoridades, os casos, a partir de agora, vão aumentar e, ao que tudo indica, com fortes pressões sobre os estabelecimentos de saúde e seus profissionais”, alertou Rui Semedo.

Na intervenção, o líder parlamentar do PAICV abordou a situação económica no país, alertando o Governo para a evitar “tratamento igual, sem discriminação nem favoritismo” para que todos possam aceder aos meios disponibilizados pelo Estado.

Em outra área, Rui Semedo afirmou que o país está a viver um “verdadeiro drama social”, em que esta crise está a gerar uma nova situação de pobreza a nível mundial e em Cabo Verde, com a agravante de o país ter vivido três anos consecutivos de seca.

“Neste momento, mais de nunca, é necessário investir na disponibilização de água para agricultura, para o consumo e para a higiene e, tendo em conta a situação das famílias, o Estado deveria ponderar a possibilidade da sua distribuição gratuita para que as pessoas possam ter acesso generalizado a este precioso líquido”, sugeriu o político.

O líder parlamentar do PAICV pediu ainda uma “atenção particular” aos estudantes do ensino superior, deixou uma mensagem de encorajamento aos infetados e afetados pela doença e um “abraço de solidariedade” à comunidade cabo-verdiana na diáspora.

Cabo Verde regista atualmente 68 casos de covid-19, distribuídos pelas ilhas da Boa Vista (52), Santiago (15) e São Vicente (01). Um dos casos da Praia (Santiago) já foi considerado como recuperado da doença e o primeiro caso do país, confirmado em 19 de março, na ilha da Boa Vista, terminou na morte de um turista inglês, de 62 anos.

Além disso, outros dois turistas estrangeiros que estavam na Boa Vista, com covid-19 diagnosticado, regressam ainda em março aos países de origem (Inglaterra e Países Baixos), pelo que permanecem ativos no país 64 casos, todos em situação considerada estável. 

Desde sábado que está em vigor um segundo período de estado de emergência, mantendo-se suspensas as ligações interilhas e a obrigação geral de confinamento.

A declaração do atual estado de emergência prevê para as ilhas da Boa Vista, Santiago e São Vicente, todas com casos de covid-19, que permaneça em vigor até às 24:00 de 02 de maio. Nas restantes seis ilhas habitadas, sem casos diagnosticados de covid-19, a prorrogação do estado de emergência é mais curto, até às 24:00 de 26 de abril.

A nível global, segundo um balanço da AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 176 mil mortos e infetou mais de 2,5 milhões de pessoas em 193 países e territórios.

 

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