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Covid-19: Faculdade de Ciências de Lisboa vai fazer testes de despistagem

LUSA
02-04-2020 22:00h

A Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (Ciências ULisboa) vai criar um centro de testes (CT) à covid-19 no seu campus, em Lisboa, devendo os testes de despistagem começar no prazo de duas semanas, divulgou hoje a instituição.

Numa primeira fase, adianta a universidade em comunicado, serão realizadas cerca de 100 análises diárias, estando também previsto a sequenciação e o rastreamento epidemiológico.

“Conscientes da importância da atual crise da covid-19, da necessidade de todos contribuirmos para a mitigação do seu impacto atual e futuro, e da capacidade científica e técnica instalada na Ciências ULisboa, não poderíamos deixar de associar-nos aos esforços na luta contra esta pandemia, em articulação com as demais entidades associadas ao Ministério da Saúde e Sistema Nacional de Ciência e Tecnologia”, esclareceu Luís Carriço, diretor da Ciências ULisboa.

O objetivo deste CT à covid-19 é “reforçar o envolvimento das unidades de investigação no diagnóstico e controlo de infeção por SARS-Cov-2, pelo que terá capacidade para a receção e processamento de amostras biológicas, realização de testes por RT-PCR e numa fase posterior para a realização de testes imunológicos”.

A criação deste CT covid-19, segundo o documento, irá implicar um investimento de raiz.

“Para além da identificação rápida da presença de SARS-Cov-2, haverá capacidade para em menos de 24 horas rastrear a origem epidemiológica dos casos, através da sequenciação do genoma viral em tempo real, permitindo não só distinguir os casos importados dos casos de disseminação comunitária, mas também identificar eventuais focos de disseminação local de infeção”, explica a mesma nota.

Segundo a direção da Ciências ULisboa, esta “capacidade de inovação” é possível devido à dinâmica e multidisciplinaridade dos seus centros de investigação e à estratégia implementada nos últimos cinco anos, em particular pelo Instituto de Biossistemas e Ciências Integrativas (BioISI), em colaboração com diversas entidades internacionais.

Tudo isto, conclui a Ciências ULisboa, tem permitido novas aplicações e o uso de tecnologia de sequenciação genómica e análise de dados em tempo real.

Entretanto, a direção da Ciências ULisboa pediu a colaboração dos seus docentes e investigadores para o processamento de amostras e realização de testes moleculares.

“Para que a ajuda da Ciências ULisboa possa ser efetiva, necessitamos de recursos humanos com alguma experiência e que se voluntariem para ajudar”, disse Luís Carriço.

O diretor da Ciências ULisboa menciona ainda que a Ordem dos Biólogos já identificou alguns voluntários na região de Lisboa, que irão receber formação nas próximas semanas, e agradece a solidariedade de todos aqueles que já se juntaram a esta iniciativa.

“A solidariedade desta comunidade manifestou-se logo desde o início desta crise, dando resposta ao repto da cedência de material para hospitais e outras instituições de saúde, e noutras iniciativas, como por exemplo as que têm como objetivo a produção de viseiras de proteção para profissionais de saúde”, considerou.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 940 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 47 mil. Dos casos de infeção, cerca de 180.000 são considerados curados.

Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.

Em Portugal, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde, registaram-se 209 mortes e 9.034 casos de infeções confirmadas. Dos infetados, 1.042 estão internados, 240 dos quais em unidades de cuidados intensivos, e há 68 doentes que já recuperaram.

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