O Instituto de Apoio à Criança alerta que, num período de confinamento devido à pandemia covid-19, as crianças são o elo mais fraco, apelando para o uso da linha SOS criança 116 111 em caso de situações de risco.
“Através da nossa linha SOS Criança 116 111 ou do whatsapp com o número 913069404 estamos disponíveis para conversar com a criança sobre todas as situações, seja sobre o covid-19, da escola, como também sobre situações de conflito e de maus-tratos na família”, disse em declarações à agência Lusa Manuel Coutinho, secretário-geral do Instituto de Apoio à Criança (IAC).
As crianças, acrescentou, são sempre os elos mais fracos nestas situações e a comunidade deve estar em alerta.
“Se perceberem que há situações de crianças que possam estar a ser vítimas de alguma forma de pressão ou mau trato também podem e devem denunciar à linha 116 111”, frisou.
A linha SOS Criança 116 111 é um serviço gratuito, anónimo e confidencial, de apoio às crianças, jovens, famílias, profissionais e comunidade.
Este serviço tem como objetivo dar apoio à criança, principalmente à criança em risco, maltratada e/ou abusada sexualmente, com conflitos com os pais, que se sente rejeitada ou tem ideação suicida, procurando encontrar soluções para estas situações.
Segundo Manuel Coutinho, a questão do confinamento sem termo à vista a que as crianças e jovens estão sujeitos é uma situação que do ponto de vista social e emocional preocupa bastante o Instituto de Apoio à Criança, porque “há muitas crianças e jovens que dentro das famílias não têm a melhor qualidade de vida que deviam ter”.
“As famílias quando estão muito próximas ficam por vezes também muito tensas e a questão da violência doméstica está muito presente hoje. Sabemos que há quadros de alcoolismo muito preocupantes que estão por detrás de situações de violência doméstica, assim como casos de personalidades antissociais ou com perturbações psiquiátricas”, disse.
Também hoje a presidente da Comissão Nacional de Promoção dos Direitos e Proteção das Crianças e Jovens alertou para a necessidade de a sociedade estar em alerta para os maus-tratos, num momento em que a parentalidade é exercida fechada em casa.
“Serei o que me deres... que seja amor”, é o lema da campanha da Comissão Nacional de Promoção dos Direitos e Proteção das Crianças e Jovens para o mês de abril, Mês da Prevenção dos Maus-Tratos na Infância, e convida a sociedade em geral para que, no dia 30 de abril, dê visibilidade à iniciativa colocando um laço azul à janela, num momento em que Portugal enfrenta a pandemia do novo coronavírus.
“Num período em que estamos a exercer uma parentalidade fechada em casa, é ainda mais importante chamar à atenção para as marcas que os maus-tratos deixam na vida das crianças e jovens, a curto, médio e longo prazo”, refere Rosário Farmhouse na sua mensagem.
A presidente da Comissão Nacional de Promoção dos Direitos e Proteção das Crianças e Jovens defende que é importante estabelecer mecanismos alternativos para garantir que o seu bem-estar seja sempre acompanhado e verificado, mesmo perante todas as restrições que Portugal está a viver.
“Para aquelas que são mais frágeis e que, por vezes, não têm condições para cuidar de forma saudável das suas crianças, o Sistema de Promoção e Proteção português, está particularmente empenhado e atento a quaisquer situações de perigo que possam surgir”, garante.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou perto de 866 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 43 mil.
Dos casos de infeção, pelo menos 172.500 são considerados curados.
Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.
Em Portugal, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde, registaram-se 187 mortes, mais 27 do que na véspera (+16,9%), e 8.251 casos de infeções confirmadas, o que representa um aumento de 808 em relação a terça-feira (+10,9%).
Dos infetados, 726 estão internados, 230 dos quais em unidades de cuidados intensivos, e há 43 doentes que já recuperaram.
Portugal, onde os primeiros casos confirmados foram registados no dia 02 de março, encontra-se em estado de emergência desde as 00:00 de 19 de março e até às 23:59 de 02 de abril.
Além disso, o Governo declarou no dia 17 o estado de calamidade pública para o concelho de Ovar.