SAÚDE QUE SE VÊ

O AMOR NÃO PODE SER CELEBRADO COM MEDO

A entrada em 2019 não poderia ter sido mais perfeita: celebrada entre amigos, em festa e com um pedido de casamento. A Ana disse “sim”. Sem reservas algumas, até porque, há mais de 10 anos que partilha a vida com o companheiro. O filho de ambos, Rodrigo, é a maior prova deste amor.

A Ana disse “sim”. Com todas as certezas do mundo que, entretanto, se tornou incerto. Estranho e imprevisível. O pedido, planeado em total sigilo, apanhou-a de surpresa. Como 2020, o ano que escolheu para a casar, a apanhou totalmente desprevenida. Cancelou a data. O vestido, comprado em Lisboa, tantas vezes sonhado à distância, vai continuar no atelier, à espera que os dias voltem a ser dias. O fato do noivo, também. As flores ficarão por colher.

A festa só vai ser festa quando puder. A sério. Com tudo aquilo a que tem direito. Quando os familiares mais velhos possam sair de casa sem serem considerados grupos de risco. Quando os amigos, se possam abraçar. Sem restrições de voos ou de geografias.

Guardam-se os contactos da quinta, do catering e dos fotógrafos. O bolo ficará por fazer. O dia 12 de Junho será um dia por acontecer. Imaginado para um outro dia de sol. A vida ficou em suspenso mas os afectos não. Ana continua a viver o amor. Até ao dia em que dirá “sim”. Livre. Plena. Vestida de branco.

O amor não pode ser celebrado com medo.