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COVID-19: "Nós estimamos poder duplicar a capacidade de resposta de testes em Portugal" – Paulo Pereira

CANAL S+ VP
31-03-2020 16:21h

Paulo Pereira é Coordenador do CEDOC – Centro de Estudos de Doenças Crónicas e membro da equipa de resposta do CEDOC à COVID-19.

Ao Canal S+ falou de como o CEDOC se está a preparar para produzir testes de despiste à Covid-19 e dos que já estão a ser utilizados no terreno.   

À semelhança do que está a acontecer em outros centros de investigação, o CEDOC – Centro de Estudos de Doenças Crónicas, está a dar apoio no teste e na análise de diagnóstico, aos profissionais de saúde que trabalham nos diversos hospitais.

O CEDOC faz parte de uma escola médica, a Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa. Não é novidade, portanto, que os seus interlocutores mais próximos sejam os hospitais, com os quais já colabora, no que ao ensino diz respeito.

Mas esta é apenas a abordagem inicial.

O CEDOC prepara-se para, ainda no decorrer desta semana, dar início à produção de testes de despiste à Covid-19.

Ao Canal S+, Paulo Pereira garantiu que, se todas as instituições implementarem esta prática e não houver limitações no fornecimento de reagentes e consumíveis, haverá uma capacidade de duplicação da resposta, no que respeita à produção de testes para despiste da Covid-19 em Portugal.

Acerca dos testes já desenvolvidos pelo IMM – Instituto de Medicina Molecular João Lobo Antunes e validados pelo INSA – Instituto de Saúde Doutor Ricardo Jorge, Paulo Pereira afirma serem "modificações dos testes com indicação para diagnóstico, tipicamente utilizados para fazer investigação", mas com outros fornecedores de reagentes.

O coordenador do CEDOC considera serem os mais rigorosos para "inequivocamente decidir se alguém está infetado".

"É o teste que permite a identificação mais precoce, passado muito pouco tempo da infeção, e que o faz de uma forma específica e rigorosa", afirma.

Na opinião de Paulo Pereira, os `testes rápidos`, apelidados testes serológicos, não devem ser utilizados para fazer o diagnóstico de quem está infetado. Podem sim, ser utilizados, em paralelo, com os testes que têm como base, a biologia molecular.

Os testes serológicos deverão, na opinião do investigador, ser utilizados, numa fase posterior, para se perceber quem, efetivamente, foi infetado, e quem tem algum tipo de imunidade ao vírus.

O coordenador do CEDOC adiantou ainda que, na Alemanha, já se discute a possibilidade de se começarem a passar certificados de imunização, onde se atesta que as pessoas têm algum tipo de imunidade, com base nesse teste serológico. O objetivo é que as pessoas possam, progressivamente, retomar as suas atividades.

"O nosso objetivo, globalmente, enquanto cientistas, é ajudar na resposta a esta situação de pandemia", remata.

 

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