Inicialmente eram nove os psicólogos, com experiência ou formação em situações de crise, que estavam a acompanhar diariamente, via telefone, doentes infetados pelo novo coronavírus, bem como seus familiares no CHUSJ, no Porto. Hoje são 27 os que tentam, diariamente, responder às necessidades impostas pela pandemia de Covid19.

As preocupações dos doentes e das suas famílias têm sofrido uma mudança porque a dimensão clinica também se alterou e os casos mais graves aumentaram. “Se por uma lado estes doentes estão isolados, por outro, a família gostaria de poder despedir-se e não está presente neste processo”, acrescenta o Diretor do Serviço de Psicologia do Hospital de São João.

“O CHSJ tem tido um papel preponderante nisto (…) só com muita disponibilidade dos profissionais de saúde deste Centro Hospitalar é que se consegue ter este ritmo tremendo e exigente em que efetivamente há uma dádiva muito grande e uma entrega de cada profissional, nestes tempos que nós estamos a viver”, acrescenta. 

“São uns heróis”, é assim que o Diretor do Serviço de Psicologia do Hospital de São João descreve o papel que os profissionais de saúde desempenham neste momento tão frágil. Trazem consigo um vazio pelo afastamento da família e aceitam a exposição diária a situações de risco, para prestar os melhores cuidados de saúde a quem mais precisa.

“Nós temos a noção que há uma exigência na ajuda psicológica a estes profissionais e, em colaboração com o serviço de urgência deste hospital, o nosso grupo de psicólogos mandou uma mensagem para estes profissionais de saúde nos contactarem se necessitarem de ajuda”, adianta.

Até ao final desta semana, o SNS24 deverá contar com uma linha de apoio psicológico onde as chamadas serão reencaminhadas para os cerca de 200 psicólogos disponíveis.

Eduardo Carqueja, enaltece o contributo da Ordem dos Psicólogos por disponibilizar este apoio mas, por outro lado, apela para que “cada ARS tenha nas suas estruturas uma ligação de proximidade (…) as ARS deviam ter um papel mais presente naquilo que possa ser este apoio psicológico, que ainda não está devidamente organizado nesse sentido”.

Portugal regista hoje 160 mortes associadas à covid-19, mais 20 do que na segunda-feira, e 7.443 infetados (mais 1.035), segundo o boletim epidemiológico divulgado pela Direção-Geral da Saúde (DGS).