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Movimento diz que empresas frutícolas no sudoeste alentejano seguem "caminho arriscado"

LUSA
27-03-2020 13:17h

O Movimento Juntos Pelo Sudoeste acusou hoje empresas frutícolas de Odemira e Aljezur de seguirem um “caminho extremamente arriscado” ao continuarem a operar, podendo “colocar em risco a saúde de milhares de pessoas”, devido à pandemia de covid-19.

“Poderá ser uma decisão economicista, em contraciclo com muitas outras empresas no país que foram obrigadas a parar”, disse o Movimento Juntos pelo Sudoeste, num comunicado enviado hoje à agência Lusa.

E esta decisão, além disso, “pode colocar em risco a saúde de milhares de pessoas que podem ser contagiadas e ser um foco de infeção para o resto do Baixo Alentejo e Algarve, para onde, aliás, já estão a ser transportados trabalhadores a fim de colmatarem a falta de mão-de-obra que as explorações agrícolas estão a ter naquela região”, acrescentou.

O comunicado do movimento surge em reação a uma nota de imprensa da Associação dos Horticultores, Fruticultores e Floricultores dos Concelhos de Odemira e Aljezur (AHSA), divulgada na quarta-feira e noticiada pela Lusa nesse mesmo dia, com o título "Agricultura do sudoeste alentejano continua a alimentar o país".

As associadas da AHSA, mais de 25 empresas daqueles setores nos concelhos de Odemira, no distrito de Beja, e Aljezur, no distrito de Faro, que "representam mais de 200 milhões de euros de faturação anual", mantêm "atividade em pleno", apesar da pandemia de covid-19, referiu a organização.

"Continuam a operar e a alimentar a cadeia de distribuição nacional e internacional", vincou a AHSA, que assegurou também no comunicado que, nas últimas semanas, seguindo "todas as orientações das autoridades", os seus associados “priorizaram ao máximo a prevenção e a implementação e adaptação dos seus planos de contingência".

Contudo, para o Movimento Juntos pelo Sudoeste, este argumento de manutenção da atividade das empresas para “alimentar a cadeia de distribuição nacional e internacional”, apesar da pandemia, “nas condições em que trabalham e vivem estas pessoas é um caminho extremamente arriscado”.

“O Juntos pelo Sudoeste vem exigir responsabilidade social por parte destas empresas agrícolas para com os trabalhadores que contratam, com medidas apertadas de rastreio, segurança e contenção de covid-19”, pode ler-se.

O movimento disse ainda que, “coincidentemente”, o comunicado da AHSA “sai no mesmo dia em que se conheceu o primeiro caso de infeção” pela covid-19 “no concelho de Odemira, exatamente de um trabalhador agrícola estrangeiro que chegou à região há pouco tempo, assim como da quarentena imposta a um grupo de 17 cidadãos de origem nepalesa”.

O comunicado da AHSA foi divulgado na quarta-feira ao final do dia. Oficialmente, na quinta-feira, a Proteção Civil de Odemira informou que a situação epidemiológica no concelho se tinha alterado no dia anterior, existindo “um cidadão estrangeiro”, de 46 anos, ”vindo da região de Lisboa” e “infetado com covid-19”, pelo que se encontra “em isolamento no domicílio, numa casa isolada na freguesia de Longueira/Almograve”, e a receber “acompanhamento médico e as refeições necessárias”.

Por decisão da Autoridade de Saúde, acrescentou a Proteção Civil municipal, estão em isolamento 19 pessoas de nacionalidade estrangeira, 17 deles, “sem quaisquer sintomas, que contactaram direta ou indiretamente com o cidadão infetado”, estão alojados num pavilhão desportivo em S. Teotónio, enquanto “duas cidadãs” estão “em quarentena no domicílio”, na mesma freguesia.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou cerca de 540 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram perto de 25 mil.

Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.

Em Portugal, registaram-se 76 mortes, mais 16 do que na véspera (+26,7%), e 4.268 infeções confirmadas, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde, que identificou 724 novos casos em relação a quinta-feira (+20,4%).

Portugal, onde os primeiros casos confirmados foram registados no dia 02 de março, encontra-se em estado de emergência desde as 00:00 de 19 de março e até às 23:59 de 02 de abril.

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