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Unidade de Investigação Clínica em Évora deve estar a funcionar no final de 2027

Lusa
16-12-2025 16:31h

A Unidade de Investigação Clínica a criar no Hospital Central do Alentejo, em Évora, deverá começar a funcionar no final de 2027, focada na formação de profissionais e desenvolvimento de medicamentos em áreas como doenças cardiovasculares e oncologia.

“Vai ser uma unidade de ponta daqui por dois anos, no final de 2027. Não quer dizer que comece a funcionar com todos os serviços de imediato, mas, muito provavelmente, vamos começar a desenvolver e instalar algumas áreas” nessa altura, disse hoje o presidente do conselho de administração da Unidade Local de Saúde do Alentejo Central (ULSAC), Carlos Mateus Gomes.

O responsável, que falava aos jornalistas após a assinatura do memorando de entendimento entre a ULSAC, o Instituto Gulbenkian de Medicina Molecular (GIMM) e a Universidade de Évora para a criação da Unidade de Investigação Clínica, considerou “importantíssimo” este acordo.

“Este memorando, além da investigação, vai-nos trazer inovação, tecnologia, mais formação e, acima de tudo, vai permitir fixar os profissionais que estão a trabalhar em Évora, mas também a angariar profissionais que venham de fora e que tenham prazer em trabalhar aqui”, argumentou.

Além disso, continuou Carlos Mateus Gomes, a forma como o Hospital Central do Alentejo está a ser construído faz com que esta futura unidade se possa “tornar um hospital de referência para outros hospitais, inclusivamente da zona de Lisboa”.

“Sabemos que a atração do litoral é sempre enorme”, admitiu, apostado em contrariar essa tendência através da nova unidade hospitalar e da Unidade de Investigação Clínica.

O memorando assinado hoje, no local onde decorrem as obras no Hospital Central do Alentejo, “está definido para a área do medicamento”, assim como para outras áreas, revelou também o presidente da unidade local de saúde.

“É a área do medicamento porque é onde as grandes companhias mais investem e nós aqui vamos ter instalações estupendas, isto é quase um hotel de cinco estrelas”, com a unidade de investigação a dispor de “um espaço específico” para os profissionais desenvolverem os projetos e ensaios clínicos, acrescentou.

O administrador executivo da Fundação GIM, Fausto Lopo de Carvalho, explicou que a escolha de Évora se deve ao facto de ir ter “um hospital central” que vai começar a funcionar de raiz.

“Pode ser interessante desenharmos de raiz, de forma a aprendermos com os erros do passado e tentarmos não os repetir no futuro e, ao mesmo tempo, trazemos também experiência internacional de iniciativas semelhantes que nos possam informar sobre as melhores práticas a fazer num hospital que agora está a arrancar”, realçou.

O memorando hoje oficializado – a Fundação GIMM já assinou um primeiro com o Hospital Amadora Sintra – insere-se no projeto de criação de “um centro de excelência ligado à investigação clínica” a nível europeu, para conseguir alcançar escala, disse.

“Nós somos um instituto de investigação científica, portanto, se estamos a fazer investigação biomédica, precisamos passar das moléculas para as pessoas. E as pessoas que estão em tratamento estão nos hospitais”, acrescentou o administrador.

No caso da unidade de Évora, é importante por se tratar de “um hospital central que vai servir o Sul do país, pela diversidade de patologias” que vai ser possível investigar e “para garantir a escala que o país necessita” nos ensaios clínicos, uma área “muitíssimo competitiva a nível internacional”, que requer “uma rede multicêntrica”.

A Unidade de Investigação Clínica de Évora vai focar-se em ensaios clínicos em doenças oncológicas - predominantes no mundo com muita fatalidade -, e cardiovasculares - as que mais matam em Portugal e que são objeto de “um centro de excelência no Hospital de Évora”.

A reitora da Universidade de Évora, Hermínia Vasconcelos Vilar, destacou que os investigadores da academia poderão participar em projetos de investigação da nova unidade, nomeadamente na área dos ensaios clínicos, assim como apoiar a formação na área da saúde.

O ano de 2027 é a mais recente data prevista para a conclusão da construção do novo Hospital Central do Alentejo, que deverá ter 360 camas em quartos individuais - podem ser aumentadas até 487 -, 11 blocos operatórios, cinco postos de pré-operatório e 43 postos de recobro, entre outras valências.

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