Mais de 1.800 doentes renais crónicos aguardam por transplante de rim em Portugal, uma realidade que a Unidade Local de Saúde São João (ULSSJ), no Porto, quer alterar apelando à doação em vida, disse hoje fonte do hospital.
“É essencial transmitir à sociedade que a doação em vida é um procedimento seguro e uma oportunidade decisiva para melhorar, de forma profunda, a qualidade de vida dos doentes renais. Este é um compromisso que todos partilhamos enquanto Serviço Nacional de Saúde [SNS]”, refere o diretor de Serviço de Nefrologia da Unidade Local de Saúde São João (ULSSJ), João Frazão.
Dos mais de 1.800 doentes em lista de espera, cerca de 500 pertencem às listas do Hospital de São João, de acordo com informação remetida à Lusa pela ULSSJ.
Na véspera de uma homenagem que esta unidade do Porto fará a dadores renais em vida, João Frazão fala em “responsabilidade coletiva” e admite que, “apesar dos bons resultados”, ainda há muito a fazer nesta área.
Portugal está entre os países europeus com maior prevalência de doença renal crónica terminal, uma condição que obriga a sessões regulares de diálise e que compromete a qualidade de vida.
A transplantação renal é considerada a solução terapêutica mais eficaz, razão pela qual a doação em vida tem sido afirmada como uma resposta essencial para reduzir o tempo de espera para transplante renal e melhorar o prognóstico dos doentes.
Considera-se também que o transplante renal, além de transformar a vida dos recetores, devolvendo autonomia e qualidade de vida, representa uma mais-valia para o SNS por diminuir o número de pessoas em diálise de longa duração e libertar recursos para outros cuidados de saúde.
De acordo com dados da ULSSJ, ao longo de 20 anos foram acompanhados nesta unidade cerca de 120 pares de dador-recetor.
No sábado, às 18:00, na Cerimónia de Homenagem aos Dadores Renais em Vida, a ULSSJ pretende homenagear estas pessoas e sensibilizar a sociedade civil para a importância da doação renal em vida.
A iniciativa visa, também, “combater a desinformação sobre a segurança do procedimento e valorizar publicamente aqueles que, num gesto de profundo altruísmo, decidiram doar parte de si para transformar a vida de outra pessoa”, lê-se no convite.